A colheita de milho segunda safra em Mato Grosso deve consolidar novo recorde produtivo. A supersafra anteriormente estimada em 11,7 milhões de toneladas deve crescer e agora atingir 13,1 milhões de toneladas, indicou nesta segunda-feira (4) o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. O Imea reajustou em aproximadamente 12% a projeção de colheita do cereal. Com a nova marca, tornar-se-á 87,5% superior à temporada passada, quando somou 6,9 milhões de toneladas.

Clima favorável e plantio na chamada janela ideal vão favorecer os resultados no campo, como explica Cleber Noronha, analista de mercado do Imea. A produtividade também vai sofrer alteração e pode se tornar 31% maior frente ao ano passado.

"Aumentamos devido ao clima que favoreceu demais e foi muito bom para a cultura do milho. Tínhamos estimado na produtividade 67 sacas por hectare e aumentamos para 87 sacas por hectare", expressou o especialista.

Com a maior oferta de produto no mercado, Mato Grosso também aumentou sua participação no cenário nacional. Com uma supersafra já revisada o estado deve ser responsável por sozinho produzir quase 20% do milho total no Brasil (este levando-se em consideração o primeiro e segundo ciclos).

"Com a produção estimada o estado vai contribuir com 19,9% da produção nacional, somente com a segunda safra. Participação com 1/5 da produção total do Brasil", comentou ainda o analista de mercado.

A segunda safra do cereal, que em Mato Grosso já perdeu o status de safrinha, também deve provocar mudanças no perfil produtivo dos municípios. Nesta temporada, pelo menos quatro cidades devem produzir mais milho que soja, explica Cleber Noronha. Tradicionais produtores de soja, Sorriso e Lucas do Rio Verde, respectivamente 420 quilômetros e 360 quilômetros de Cuiabá, vão colher mais cereal. Fato jamais registrado em Mato Grosso.

De acordo com o Imea, somente Sorriso deve produzir 2,5 milhões de toneladas de milho, 28% maior do que a produção de soja, atualmente em 1,9 milhão de toneladas. Enquanto isso, em Lucas do Rio Verde a relação deve ser de 914.760 toneladas para o cereal e 701.407 toneladas de soja.

"Em alguns casos o percentual será bem superior como em Lucas do Rio Verde que terá 30% a mais de milho que soja", complementou o analista. O bom clima favoreceu o plantio e o desenvolvimento da cultura no médio-norte e fará com que os municípios desta região colham os bons frutos vindos do cereal, segundo o Imea.

Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro destaca que o crescimento do milho está atrelado também ao fator tecnologia.

"Confirma a tendência que o milho será a grande produção de grãos do estado. Isso porque milho é uma cultura que aceita alta tecnologia e o produtor está mais qualificado, empregando boas tecnologias. Agora, o fator determinante é que os preços continuem remuneradores. Hoje, Mato Grosso tem duas grandes safras, e a soja e o milho", expressou.