Mato Grosso está entre os Estados brasileiros com maiores áreas cultivadas com feijão de segunda safra (safrinha), conforme análise da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), com 165 mil hectares. O primeiro é o Paraná (209 mil ha), depois vem Ceará (596,4 mil), Minas Gerais (152mil ha), Paraíba (93,3 mil ha) e Pernambuco (134 mil ha). No município de Primavera do Leste (231 Km ao Sul de Cuiabá), um dos maiores do estado no plantio da leguminosa, produtores de feijão caupi – também conhecido como feijão-de-corda – estão começando a colheita nesta semana, com expectativa do aumento na produtividade de 66%. Isso porque no ano passado foram colhidas 20 sacas por hectare, sendo esperado para este ano 30 sacas/ha.
Na avaliação do produtor Flábio Ricardo Pawlina, que aumentou a área plantada de 650 hectares (ha) no ano passado para 1.050 ha em 2012, um dos motivos principais deste aumento foi o maior volume de chuvas deste ano. O que reflete tanto em uma maior produção do feijão comum, como carioquinha e caupi que, por serem oriundos do Norte e Nordeste do país, têm a particularidade de não exigir muita água para se desenvolver. “Há cerca de 6 anos alguns produtores aqui da Grande Primavera começaram a plantar o feijão caupi, investindo em pesquisa, com novos materiais de controle de doença e incidência de insetos, objetivando melhorar a produtividade já olho nas tendências e exigências de mercado. Hoje podemos dizer que deu certo”.
O produtor destaca ainda a vantagem do feijão caupi poder ser plantado em um terceiro ciclo. Depois de concluída a colheita da soja, no início de fevereiro, os produtores aproveitam a chuva para plantar o milho e no final deste mês – quando o período das águas está quase no final – entram com a cultura do feijão de corda. Este ano, a menor oferta de produto no mercado devido a diminuição da área cultivada na primeira safra e com a queda da produção no Paraná e Rio Grande do Sul, em função da estiagem prolongada, fez com que os preços do produto subissem para patamares bastante altos. A estimativa é que a saca, que no ano passado estava em cerca de R$ 200,00 chegue em R$ 250,00. A grande maioria dos agricultores que planta o caupi comercializa com estados do Nordeste, a maioria já vendeu praticamente toda a produção em função da excassez do produto naquele região.
O feijão-caupi é um dos principais componentes da dieta alimentar nas regiões Nordeste e Norte do Brasil, especialmente na zona rural. Somente as cultivares de caupi geradas pela Embrapa Meio-Norte, em parceria com outras instituições do sistema cooperativo de pesquisa, ocupam 30% da área total cultivada no país (1.451.578 ha), gerando milhares de empregos diretos e renda. Atualmente, já se dispõe de um vasto acervo de informações tecnológicas para o feijão-caupi. Por meio do programa de melhoramento genético, foram desenvolvidas várias cultivares comerciais, ampliando o mercado e as formas de uso do produto.