A projeção de renda dos produtores em Mato Grosso para 2012 ficou 5,57% menor em abril no comparativo com o mês no ano passado. Enquanto em 2011 as previsões do Valor Bruto da Produção (VBP) de Mato Grosso eram de R$ 29,452 bilhões, este ano foram apenas R$ 7,809 bilhões. A redução, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é decorrente da queda de 46,7% no VBP do algodão, causado pelo baixo preço da commodity, que hoje se encontra na média de R$ 50,30/arroba, ao contrário da cotada em média a R$ 53. Todavia, a cadeia produtiva aposta no milho safrinha para reverter o VBP do Estado.
O VBP de abril de Mato Grosso representa 52,5% do valor da região Centro-Oeste, estimado em R$ 52,932 bilhões, e 13,16% do Brasil que ficou em R$ 211,235 bilhões. Conforme a Folha do Estado já explicou, o VBP são os ganhos brutos dos produtores com a atividade, obtidos a partir da multiplicação da produção com o preço médio ao qual é vendida a saca da cultura.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o VBP da soja em abril ficou em R$ 15,641bilhões, 5,46% superior aos R$ 14,830 bilhões do mês em 2011.
Já o milho registrou alta de 53,08%, saltando de R$ 3,464 bilhões o ano passado para R$ ,303 bilhões. O algodão, como mostra as projeções divulgadas ontem, apresentou queda de 46,7%. Em abril de 2011, por conta da cotação que chegava a cerca de R$ 80/arroba, encontrava-se na casa dos R$ 9,384 bilhões. Em 2012, com a arroba sendo paga em média R$ 50,30, preço inferior à saca da soja, inclusive, a renda dos produtores de algodão encontra-se em R$ 4,997 bilhões.
"A queda do VBP de Mato Grosso é decorrente da retração do valor do algodão. Em 2011, a situação na época foi ao contrário. A cotonicultura, por conta dos preços pagos pela commodity, auxiliaram a puxar para cima a renda total dos produtores", explica o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques.
A retração do VBP do algodão é confirmada pelo diretor-executivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins. "O preço pago pela arroba foi o principal fator".
Recuperação
Segundo Gasques, no caso do algodão é possível que haja uma pequena recuperação do VBP, até porque a colheita iniciará agora em junho. Quanto à renda total do Estado, a perspectiva é de recuperação. "O milho safrinha é quem irá, nos próximos meses, a partir da colheita, a puxar para cima o VBP de Mato Grosso. Ao menos é isso o que se está falando em nossas reuniões no ministério", diz o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa.
Conforme o coordenador da Comissão de Gestão da Produção da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Naildo Lopes, de fato o milho safrinha será o fator crucial na recuperação do VBP mato-grossense. "Mesmo com a saca no preço mínimo, o milho safrinha puxará para cima, pois a produção aumentou. Serão mais de 11 milhões de toneladas a serem colhidas. Os produtores tanto de soja e milho tem de aproveitar os bons preços para fechar negócio, pois estes são preços de passagem".
Questionado sobre possível queda no VBP da soja, devido Mato Grosso possuir apenas um estoque de 1,2 milhão de toneladas, cerca de 5% dos 21,3 milhões colhidas, Lopes comenta que o produtor está tranquilo, tanto que pode decidir em segurar para vender mais para a frente ou agora.
Brasil – Conforme o Mapa, o VBP do Brasil sofreu retração de 2,32%, de R$ 216,2 bilhões em 2011 para R$ 211,2 bilhões este ano. A queda foi provocada pela redução de 20,3% no VBP da região Sul do país, que ficou em R$ 42,7 bilhões. Puxado por Mato Grosso e Goiás, a região Centro-Oeste ultrapassou pela primeira vez o Sul, com R$ 52,9 bilhões, alta de 5,54% ante o mês em 2011. Goiás saltou de R$ 15 bilhões para R$ 16,1 bilhões