A recente valorização do real frente ao dólar pode impactar de diferentes maneiras na vida do produtor mato-grossense. A moeda norte-americana, no início da tarde de ontem (14), ultrapassou a barreira dos R$ 2,00. Esse cenário pode elevar ainda mais o valor da soja no mercado internacional, que já vem registrando preços recorde nos últimos tempos. No entanto, por outro lado, tende a elevar o custo de insumos como os fertilizantes, que representam até 40% do gasto total na lavoura. Nos meses de abril e maio deste ano a soja de Mato Grosso registrou os melhores preços da história, com quebra da safra nos principais países produtores da América do Sul . A saca no mês passado, foi cotada em média no Estado a R$ 49,50. Neste início de maio aumentou para R$ 53,20, valorização de 7,5%. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com a valorização até agora, a comercialização dos grãos entre abril e maio, tanto para esta atual safra, quanto para a safra 2012/13, aumentou consideravelmente. O estoque da safra atual é de pouco mais de 5%, aproximadamente 1,2 milhão de toneladas, crescendo 8,3 pontos percentuais no período. Conforme o Imea, 94,2% da produção já estão comprometidas.
O grande destaque ficou mesmo com a comercialização da próxima safra, 12/13, cujos preços atrativos fizeram com que as vendas dos grãos e as trocas com os insumos passassem a comprometer 45,2% da produção estimada em 23,0 milhões de toneladas. E, de acordo com analistas de mercado, a cotação maior da moeda americana pode trazer benefícios para o agronegócio.
De acordo com o gestor do Imea, Daniel Latorraca, a valorização do dólar pela ótica das exportações, pode vir consolidar o mercado que está aquecido. "O dólar alto dá mais competitividade para os produtos de forma a competir melhor com os produtos importados", explica.
Mercado
Apesar do possível aumento nas exportações em função da disparada, na contramão, a mesma taxa de câmbio age sobre os custos de produção agrícola, que tendem a ficar mais altos. No caso da agricultura, encarecem os produtos químicos como fertilizantes e defensivos. "Os produtores podem sofrer com o aumento no custo da produção. Quem conseguiu fechar todo o seu custo de produção não terá impacto com a alto do dólar, porém a maioria dos produtores ainda não comprou os insumos", explica o produtor e vice-presidente do Sindicato Rural de Sinop , Antônio Galvan.
Segundo ele, a alta do dólar e o aumento da procura por fertilizantes podem elevar o preços do produto. Hoje, o custo de produção do fertilizante está estimado em R$ 596,34 por hectare de soja.
Milho
Em contrapartida à soja, o cenário do milho não é tão animador para o produtor. Segundo o boletim do Imea, o cultivo do cereal em Mato Grosso atingiu a comercialização em 60% em várias regiões do Estado. Porém, essa comercialização se apresentou praticamente imóvel entre abril e maio. Segundo Latorraca, as condições de queda dos preços nas últimas semanas, resultado das notícias positivas de grandes produção do cereal nos EUA e Brasil, inibiram a movimentação de venda.
De acordo com Galvan, a realidade dos preços pagos pelo grão hoje tem feito com que em alguns municípios a negociação parasse. "Os preços não são atrativos para os produtores que estão segurando a comercialização", explica. Segundo o Imea, o preço tem seguido uma tendência de queda em todo o Estado. A média semanal em Rondonópolis foi de R$ 17,88/saca e em Nova Mutum atingiu R$ 16,28/saca. Na região de Diamantino a média dos preços foi de R$ 16,30/saca durante a semana e em Campo Verde, R$ 17,45/saca. Em Rondonópolis a saca fechou a R$ 16,50; Sorriso, R$ 14,20 e Campo Verde, R$ 16,00.