Investimento em tecnologia e "ajuda" de São Pedro têm resultado em números positivos para a produtividade dos grãos em Mato Grosso. Na safra 2011/2012, milho, algodão e soja registraram aumento no volume produzido por hectare. Tendência é que cresça mais nas próximas temporadas, graças à adoção de novos métodos produtivos, que otimizam os trabalhos no campo e fazem com que os produtores aproveitem melhor o calendário agrícola, usando sol e chuva na medida certa. Se o clima é ruim, os investimentos acabam não surtindo os efeitos esperados.
Foi o que aconteceu com a cultura do milho nas últimas 5 safras. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que no ciclo 2007/2008, foram produzidas 77 sacas (60 kg) do grão por hectare, volume que subiu para 85 sacas/ha na safra seguinte, mas que baixou para 72 sacas/ha na 2009/2010. Seca prolongada fez com que a produtividade caísse ainda mais na safra 2010/2011, quando atingiu 67 sacas/ha, se recuperando na atual, cuja estimativa é para produção de 78 sacas por hectare, aumento de 16% sobre o ano passado. Para este ano, a previsão é que o volume produzido do cereal chegue a 11,7 milhões de toneladas, recorde no Estado.
Analista de Mercado do Imea, Cléber Noronha afirma que no caso do milho o clima é o principal agente para determinar uma boa ou má safra. "Tanto a falta quanto o excesso de chuva ou seca prejudicam qualquer cultura. Ela interfere as etapas da safra, prejudica a maturação da planta e influencia diretamente no resultado final, com uma produção aquém da que foi planejada", diz ao lembrar que no ano passado houve atraso na colheita de soja por causa da chuva, o que prejudicou o plantio do milho.
Na avaliação do especialista o cenário atual é positivo. Segundo Noronha, 40% da atual safra, o equivalente a 4,6 milhões de toneladas já estão vendidas, e tudo indica que a produtividade vai se manter elevada. "O clima colaborou. Este ano o plantio ocorreu na janela ideal, aproveitando calor e umidade na medida certa".
Outro grão que está seguindo curva ascendente nos índices de produtividade é o algodão. Depois de atingir 4,083 mil kg por hectare na safra 2008/2009, o volume produzido caiu 19,8%, para 3,272 mil kg/ha. Nas safras seguintes houve recuperação, chegando a 3,315 mil kg/ha na temporada 2010/2011 e 3,563 mil kg/ha na atual, ganho de 7,4%. "Para o algodão é a mesma justificativa. Clima interfere em qualquer atividade agrícola". Para este ano, a projeção do Imea é que sejam produzidas 2,545 milhões de toneladas de algodão em caroço.
No caso da soja, a produtividade vem se mantendo, variando pouco. Na evolução do Imea, considerando as últimas 5 safras, a média foi de 50 sacas (60 kg) por hectare, com o pico de 53,5 sacas/ha no ciclo produtivo 2009/2010. No atual, a estimativa é que feche em 51,7 sacas/ha, alta de 2,5% em relação à temporada anterior. Carlos Henrique Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) afirma que os produtores estão investindo mais em tecnologia, com sementes de melhor qualidade e máquinas de maior alcance tanto para o plantio quanto para a colheita.
"Com o aumento na área plantada, o sojicultor precisa de equipamentos com maior capacidade. As plantadeiras e colhedeiras que estão nas lavouras permitem que mais hectares sejam plantados ou colhidos no mesmo intervalo de tempo, aproveitando melhor as janelas de plantio”, diz ao afirmar que os índices de produtividade só não foram maiores porque a ferrugem asiática foi severa este ano. “Tanto que estamos fazendo um levantamento para saber por que isso ocorreu. Se o fungo está mais resistente ou foi 'relaxamento' do produtor".