Mato Grosso teve um saldo negativo de 806 postos de trabalho gerados, fator este influenciado pelos setores da agropecuária, com o fim dos trabalhos nas lavouras e comércio que presentaram mais desligamentos do que contratações. Todavia, em relação ao mês em 2011 o resultado é considerado "positivo", visto que na ocasião o saldo negativo era de 2.269 vagas. O desempenho no mês passado, apesar do viés de baixa, ainda deu ao Estado o 2º lugar no Centro-Oeste, perdendo apenas para Goiás (35.142) no ranking de emprego no primeiro trimestre do ano. Os dados são do Cadastro de Emprego e Desemprego (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados ontem, que revelam ainda que resultado só não foi pior por conta da construção civil, que finalizou março com saldo positivo de 1.140 vagas, ao contrário de 2011 que havia sido de negativismo. Já no acumulado do ano, o resultado se mantém em alta com 19.386 permanências no emprego, aumento de 5,39% ante a 2011. Na época, o número de vagas mantidas era de 18.393.
Março – No mês de 2012 o setor agropecuário teve um saldo negativo nas contratações de 2.327, enquanto em 2011 haviam sidos gerados 662 postos a menos. O comércio encerrou março do ano passado com resultado negativo de 353 postos. Este ano fechou com 1.155 desligamentos a mais do que admissões.
A construção civil, considerada a surpresa do mês, fechou com saldo positivo de 1.140 postos de trabalho gerados, ao contrário de 2011 quando havia encerrado o mês com resultado negativo de 1.174 vagas. Quem também encerrou o mês com saldo positivo foi a indústria de transformação com 865 vagas, no ano passado havia sido negativo de 544 postos. O setor de serviços também obteve bom resultado de admissões. Permaneceram no emprego 455 trabalhadores, 4,4% a mais que em 2011. "Os três segmentos apresentaram bons resultados por conta da queda de 91% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no primeiro trimestre de 2012 ante o período em 2011. A queda foi de 2,14% para 1,08%. Tivemos a redução do IPI e a desoneração na folha de pagamento de alguns setores industriais que acabaram por tornar os custos da construção civil e da indústria mais baratos, proporcionando uma elevação nas contratações", explica o economista Edisantos Amorim.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon-MT), Cezário Siqueira, o bom resultado na construção civil está ligado ao fato de 2012 ser um ano de obras e entregas. "2011 foi o ano de lançamentos, por isso foi negativo".
Quanto ao setor de serviços, o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT), Roberto Peron, comenta que o bom desempenho de março foi impulsionado pela entrada de novas mercados, como hotéis e restaurantes, além da saída da informalidade. "Já no comércio, março é um mês de baixas vendas o que leva a redução do quadro de funcionários. Porém, a partir de abril o quadro se reverte".
Conforme o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, o alto índice de desligamentos em março deve-se ao fato do encerramento da colheita da soja e do plantio do milho e algodão mais cedo que 2011. "Todavia, não é com este saldo que devemos nos preocupar e sim com o total de admissões, pois se este for inferior ao ano anterior significa que o setor passa por alguma dificuldade".