Os desembolsos para a safra agrícola mato-grossense somaram R$ 2,331 bilhões no período de julho de 2011 a janeiro de 2012. O montante é 52% maior que o liberado no mesmo intervalo da safra anterior, quando contabilizou R$ 1,531 bilhão. O valor inclui empréstimos para custeio, investimento e comercialização da agricultura empresarial e familiar e foram contratados via Banco do Brasil. Também estão inclusos empréstimos para pré-custeio.
Detalhando os dados e desconsiderando o volume destinado ao pré-custeio, foi emprestado R$ 1,915 bilhão este ano, incremento de 51% em relação ao volume do ano passado de R$ 1,270 bilhão. Deste total, a agricultura empresarial foi a que mais contratou recursos, abocanhando R$ 1,723 bilhão, o equivalente a 90% do total.
Ainda entre os agricultores empresariais, os empréstimos para custeio somaram R$ 981,345 milhões, aumento de 29% sobre os R$ 783,486 milhões na safra 2010/2011. Investimentos e comercialização totalizaram R$ 447,897 milhões e R$ 294,132 milhões, respectivamente, expansão de 104% e 133% sobre o ano anterior.
De acordo com o analista do Agronegócio do Banco do Brasil em Mato Grosso, Anderson Scorsafava, a evolução nos desembolsos registrados nesta temporada é decorrente da criação da carteira private que atende somente os grandes produtores.
"Antes, a maioria dos clientes era considerada de grande porte o que gerava morosidade no atendimento. Agora, com a classificação por porte há mais agilidade no atendimento e a liberação dos recursos".
Outra iniciativa, segundo Scorsafava é o estreitamento na relação do banco com as entidades representativas do agronegócio como Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) e Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). "Realizamos parcerias em eventos e constantemente são feitas palestras sobre as linhas de crédito disponíveis".
Recentemente o governo criou a linha de crédito ABC, que pode ser acessada por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para o desenvolvimento sustentável das propriedades. Nela estão disponíveis recursos para recuperação de pastagens, para projetos de integração lavoura-pecuária-floresta. Esta é uma linha que pode contemplar principalmente os pecuaristas do Estado, para recuperação de áreas degradadas pelas pastagens e recomposição do solo.
Mas o setor ainda não está satisfeito. José João Bernardes, presidente da Acrimat, afirma que os produtos disponíveis aos pecuaristas hoje ainda são insuficientes. "Precisamos de taxas de juros menores e de prazo para pagamento mais alongado".
Apesar do crescimento, o presidente da Famato, Rui Prado analisa que a liberação de crédito pelos bancos oficiais ainda é burocrática, o que resulta em uma tímida participação. Segundo ele, o valor emprestado pelo BB no Estado representa cerca de 12% do volume total demandado pelo agronegócio local. Outros 40% são contratados via tradings, 30% são de recursos próprios e o restante de bancos privados.