Infelizmente a bancada federal mato-grossense não se atentou para o verdadeiro negócio da China, cujas sementes foram lançadas na segunda-feira desta semana, em Brasília, onde aconteceu a 2ª Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que discutiu negócios e perspectivas de novos negócios bilaterais nos setores da agricultura e pecuária.
A delegação chinesa, chefiada pelo vice-primeiro ministro Wang Oishan, e a brasileira liderada pelo vice-presidente da República Michel Temer trataram de relevantes assuntos. Dentre eles a perspectiva da habilitação de novos frigoríficos do Brasil para exportarem carnes suína, bovina e de aves para a China. Também se discutiu a possibilidade de inclusão da indústria tabagista gaúcha ao rol dos exportadores de tabaco para Pequim.
A bancada sabia da realização da Cosban e tinha conhecimento de sua pauta, que não guardava segredo sobre seus itens de negociação. Mesmo assim, os congressistas representantes mato-grossenses não compareceram ao evento, para em nome do Estado que é o maior produtor nacional de milho safrinha motivar os mandarins a se interessarem pela produção deste cereal em Mato Grosso.
Wang Oishan e o ministro da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Zhi Shuping, revelaram o interesse chinês em abrir seu mercado ao milho brasileiro. Também anunciaram que em março o país enviará uma equipe de especialistas ao Brasil para realizar visitas nas áreas de produção de milho.
Nos campos de produção de milho e com posteriores exames laboratoriais os técnicos avaliarão se o cereal brasileiro oferece risco ao consumidor direto ou indireto na China.
A estimativa de produção do milho safrinha mato-grossense ora em cultivo é de 9,9 milhões de toneladas. Somando-se a colheita da safra de verão, de 671 mil toneladas, Mato Grosso produz mais de 10,5 milhões de toneladas do cereal.
No uso de tecnologia o produtor rural mato-grossense não fica a dever nada aos seus colegas dos países desenvolvidos. Além disso, tem ao seu favor regime hídrico regular, luminosidade, topografia plana e tradição na atividade. Por isso, Mato Grosso tem plena capacidade para aumentar e até dobrar a produção de milho em curto espaço de tempo, caso o mercado chinês com 1,338 bilhão de habitantes lhe abra as portas. Isso, sem comprometer o abastecimento interno, que permite a transformação de proteínas vegetais em proteínas animais.
Faltou diplomacia para despertar o interesse da China pelo milho de Mato Grosso. A economia chinesa conhece bem o agronegócio mato-grossense, principalmente a soja, que importa em larga escala para consumo humano e fabricação de ração animal.
A China é o país da objetividade e não tem tempo a perder, principalmente na área da política de segurança alimentar. A bancada perdeu a oportunidade de se antecipar na questão do milho, o que é lamentável.