*Por Amado de Oliveira Filho
Semana passada neste espaço propomos que todos lançassem um olhar sobre a pecuária. Não poderia ser diferente, recebi ligações e mensagens eletrônicas de pecuaristas de vários municípios, com uma relação de problemas que assustam pela sua diversidade.
O título deste artigo é uma síntese de várias questões levantadas. Os problemas surgem e não há como fugir deles e, da mesma forma, as dificuldades quando da comercialização.
Quase por unanimidade denunciam os produtores que se sentem abandonados pelo poder público e que o resultado deste abandono culmina por impactar suas receitas e se convertem em prejuízos.
Quando da venda da produção em algumas regiões sentem os efeitos de um mercado de apenas um ou dois compradores, portanto, os preços são formados unicamente sobe a ótica do comprador e, em muitos casos, utilizando da frase: "Se você não quer vender tem quem quer". Ou seja, é uma via de mão única.
Por situações como esta é que todos aqueles que convivem com os produtores da pecuária de corte, passam a admirar esta gente. Em dado momento chegam a pensar como é que não mudam de ramo e mais ainda, como conseguem contribuir de forma espetacular com os resultados finais que oferecem ao Estado e ao Brasil.
Vejam que segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Exportação de Carne (ABIEC), no estado de Mato Grosso, no decorrer do ano de 2011, foram abatidas aproximadamente, quatro milhões e trezentos mil cabeças de gado bovino. Já o segundo maior abatedor de bovinos, o Estado de Mato Grosso do Sul, abateu em torno de três milhões de cabeças.
Esta participação de nosso Estado diante do abate total brasileiro significa uma participação de 20% e, quando adicionamos o abate de gado bovino do estado de Goiás e Mato Grosso do Sul encontramos nada menos que 45,3% de toda a produção de carne do Brasil. Um número que merece um olhar diferenciado.
Algumas das ações não precisam de grandes investimentos e existem recursos disponíveis para o encaminhamento de suas soluções. Um dos maiores problemas que são vistos no meio rural mato-grossense e brasileiro estão relacionados às pastagens. Com baixa qualidade de comida para os animais o problema à vista é a baixa produtividade.
Em Mato Grosso os recursos, inclusive do FCO, estão disponíveis nas agências bancárias, normalmente, Banco do Brasil e SICREDI, mas o tempo que se leva da elaboração do projeto até a liberação dos recursos demora até oito meses. Em alguns casos, tão somente por falta de funcionários.
Portanto, além de buscar simplificar o acesso ao crédito para recuperação de pastagens é dotar as agências do Banco do Brasil de um quadro mínimo de funcionários que possa fazer frente a todas as demandas, inclusive de outros setores da economia.
Podemos afirmar que não é por falta de lucro que o nosso BB está com falta de gente. Pois em 2010 lucrou R$ 11,7 bilhões e em 2011 de janeiro a setembro já acumulava um lucro liquido de 10,7 bilhões, sendo assim…
Pois é, com todo este dinheiro que poderia estar circulando em nossa economia, continuamos vendo o pecuarista com problemas à vista e o boi a prazo e ainda, com custos de produção crescente e com o preço da arroba de carne estabelecida por uns poucos frigoríficos que insistem em manter algumas de suas plantas fechadas.
Vamos continuar discutindo as questões da produção de carne bovina em Mato Grosso e, certamente, com a ajuda de nossos leitores iremos identificar e mostrar neste espaço onde estão os gargalos e quem está efetivamente ganhando dinheiro neste negócio.
AMADO DE OLIVEIRA FILHO É ECONOMISTA, ESPECIALISTA EM MERCADOS DE COMMODITIES AGROPECUÁRIAS E DIREITO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E, ESCREVE ÁS QUARTAS-FEIRAS EM A GAZETA AMADOOFILHO@IG.COM.BR