Com dificuldades para ampliar a área plantada com soja em algumas regiões, reflexo do aperto contra os desmatamentos e da forte valorização das terras nos últimos, os produtores de Mato Grosso investem para aumentar a rentabilidade de suas áreas. Com os preços do milho e das carnes em alta, muitos agricultores que antes se dedicavam basicamente à soja começam a explorar essas opções.
Em 2012, os produtores do Estado vão plantar a maior safrinha de milho da história. De acordo com estimativas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), serão 2,2 milhões de hectares, um aumento de 25% em relação à safra passada. A colheita está prevista em 9,8 milhões de toneladas, salto de 40%.
Odair Mantovan Jr., proprietário da Fazenda Filadelfia, em Nova Mutum, vai ocupar todos os 900 hectares de que dispõe para o plantio de milho após a colheita da soja. Segundo ele, mais de 60% do grão, que começa a ser colhido daqui a três meses, foi vendido com antecipação. "Aqui todo mundo vai plantar milho na safrinha. Estamos animados".
Segundo Sérgio Stefanello, da Fazenda Porta do Céu mais da metade dos 340 mil hectares plantados com soja na região de Campo Novo do Parecis neste ano devem dar lugar ao milho após a colheita da oleaginosa. "Se os produtores tiverem sucesso neste ano, essa área deverá crescer muito no ano que vem", aposta.
Marcos Rubin, sócio da Agroconsult, explica que o avanço da safrinha obriga os produtores a plantar variedades de soja mais precoces e, sobretudo, a investir em máquinas maiores. "Cada vez mais, o agricultor terá de colher e plantar mais rápido para não perder os prazos ", afirma.
Mas o milho não é a única opção. "Estamos partindo para a diversificação, para a agregação de valor. Há poucos anos, plantávamos apenas soja. Hoje, plantamos soja, algodão, milho e feijão e temos um confinamento bovino com 4 mil cabeças. Dobramos o faturamento da fazenda sem ampliar a área", afirma Darci Ferrarin, da Fazenda Santa Maria da Amazônia, na região de Sorriso.
Jeferson Milanez Bif, proprietário da Fazenda Primavera, em Ipiranga do Norte, também vem diversificando seu negócio. O produtor, que planta cerca de 1,6 mil hectares de soja em suas terras, cultiva outros 4 mil de feijão em parceria com agricultores da região. O produto é estocado e beneficiado na própria fazenda. No ano passado, montou um confinamento bovino para a engorda de até 2 mil cabeças. "Estamos agregando valor", afirma.