Seca na região Sul do país e muita chuva no Sudeste resultam na alta de até 250% no preço do feijão em Mato Grosso. Saca de 60 quilos que chegou a custar R$ 60 está sendo vendida por até R$ 220 aos revendedores. Consumidor, que pagava entre R$ 2 e R$ 3 pelo quilo não encontra a mercadoria por menos de R$ 4 nos supermercados e feiras.
Motivo para tanta oscilação está nos problemas enfrentados pelos estados do Paraná e Rio Grande do Sul por causa das chuvas. Como são os principais fornecedores de Mato Grosso nesta época, a alta foi inevitável. Além disso, Minas Gerais e São Paulo, que também costumam vender para o Estado, sofrem com o problema oposto, o excesso de chuva, que estraga o grão.
Produtor mato-grossense Moacir Tomazzeti explica que nesta época de chuva na região Centro-Oeste o Estado não cultiva o feijão, até porque, conforme ele, a lavoura fica muito propícia ao aparecimento de pragas. "Aqui plantamos somente na seca. Nesta época não tem como colher, pelo menos não o Carioca. Com isso somos obrigados a importar de outros locais".
Segundo ele, há um mês era possível comprar o feijão por R$ 60 e que nesta semana a saca chegou a R$ 200. Proprietário de uma beneficiadora de feijão, Osmar Janberci, revela que o grão segue uma trajetória muito variada e que o preço oscila durante todo o ano. "Ao mesmo tempo que tem uma alta, já há previsão de queda. É sempre assim, os preços sobem de repente e depois caem".
Com relação ao consumo, o empresário explica que o consumidor pode reclamar, mas não abre mão do feijão na mesa. Pelo contrário, Janberci conta que quando falta produto no mercado, algumas marcas de menor porte deixam de ofertar e com isso as vendas dos grandes fabricantes até aumentam. "Pode parecer incrível, mas a procura é maior quando o preço está alto".
Vendedora do mercado, Fernanda Seba, revela que há feijão de R$ 4 até R$ 10 o quilo em sua banca. "O galo, por exemplo, pagamos R$ 500 a saca de 60 quilos e temos que vender por R$ 10 o quilo". Para a comerciante Ilza Silva Soler nas últimas semanas o valor da saca passou de R$ 160 para R$ 180, depois para R$ 200 e agora está pagando R$ 220 e para seus clientes o preço cobrado é R$ 4 a R$ 4,50.
"Não tem como cobrar menos do que isso senão temos prejuízos". Ela revela que alguns clientes reclamam e procuram ir ao supermercado para tentar um preço mais em conta.
Mas a consumidora e dona de um restaurante Mirian Amik não encontrou vantagem nas gôndolas. Ela conta que compra 2 quilos quase todos os dias e que o mais barato que encontrou custa R$ 3,99. "Antes pagava no máximo R$ 3. Está muito caro, mas sempre acontece isso com o feijão".
Adalberto Vasconcelos Pinto, dono de uma banca no Mercado do Porto, confirma que a tendência agora é de queda. "De tempos em tempos o feijão sobe muito e depois o preço despenca. Já vendi feijão por R$ 0,80 o quilo e agora estou vendendo por R$ 4,50".
Ênio Vitório também é dono de restaurante e explica que a variação repentina causa impacto nos custos da empresa, uma vez que fica o dobro do valor.