A colheita de soja em Mato Grosso, que aos poucos começa a se desenhar, marcou o início da contagem regressiva para o plantio da segunda safra de milho. As primeiras áreas a receberem o cereal no estado ainda devem dividir espaço com o algodão. As projeções elaboradas pelas entidades de pesquisa mostram um cenário positivo para a safrinha, apoiado no aumento de área (+25,8%) e produção (+40,2%). Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Se as estimativas se concretizarem, o produtor mato-grossense deve ser responsável pela produção de 9,8 milhões de toneladas nesta safra 2011/12. O volume é superior ao atingido no ciclo agrícola anterior que fechou em 6,9 milhões de toneladas. A favor do agricultor, a alta no preço do milho também motivou os mato-grossenses na hora de garantirem o insumo.
A ‘corrida’ em busca das melhores sementes já iniciou pelas cidades no estado, mas quem se dirige às revendedoras tem se surpreendido com a falta do produto. Em alguns municípios, há falta de algumas variedades, puxando os preços para cima. De acordo com alguns representantes das empresas, o custo médio aumentou cerca de 30%.
O cenário é confirmado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), conforme descreve o gerente-técncio Nery Ribas. "Temos ouvido dos produtores sobre essa falta de sementes e o aumento. É a lei da oferta e da procura", disse, ao G1. Apesar do cenário, o plantio não deve ser afetado no estado, aponta o representante. "A programação para a safra está normal. Agora, quando o custo aumenta, a rentabilidade diminui", acrescentou.
Em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá, o produtor Leonildo Barei estima plantar 600 hectares com o milho. No entanto, ele não conseguiu adquirir a variedade que pretendia para fazer o plantio. "Mesmo assim, comprei uma última que estava no mercado, se não teria que comprar uma segunda linha", declarou o produtor. Conforme Barei, pelo menos um mês antes de ser iniciada a tradicional venda de sementes pelas empresas o produto não era mais encontrado.
Nas revendas, gerentes falam também em cancelamentos de pedidos e prejuízos econômicos. "Quem hoje estiver optando por plantar um milho de alta tecnologia, alta produtividade acaba pagando mais caro devido toda essa falta e cancelamento. Teve milho que chegou a subir até 30% o valor de uma saca de semente", disse em entrevista à TV Centro América de Sinop.
Preços – A alta no preço do cereal no estado, que apresentou aumento de 6,3% de dezembro de 2011 para janeiro de 2012 também pode ter favorecido o interesse do produtor em busca de assegurar a safra. É o que também acredita Rogério de Andrade Coimbra, engenheiro agrônomo.
"O valor do milho hoje é mais de 100% [maior] em relação ao que estava sendo comercializado em 2009, 2010, 2011, o que levou o produtor a plantar milho", argumentou.
O interesse pela segunda safra de milho pode ser sentido também pelos números de comercialização, que seguem em estágio avançado. As vendas antecipadas do produto atingiram até a segunda semana de janeiro alta de 47,5%. Na prática, os agricultores já venderam quase a metade dos 9,8 milhões de toneladas que ainda serão produzidos.
Exportação – Em 2011, as exportações mato-grossenses bateram recordes e a receita gerada pela venda do cereal foi a maior dos últimos quatro anos, conforme o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Entre janeiro a dezembro foram embarcados US$ 1,6 bilhões do produto. Em 2008, por exemplo, os negócios atingiram US$ 566 milhões.