Mato Grosso segue como líder na produção de grãos na safra 2011/2012 com uma previsão de colher 31,535 milhões de toneladas (t). As projeções integram o quarto levantamento de safra da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgado ontem (10), que estima ainda uma produção de 20,986 milhões de t de soja e queda de 47,3% na de arroz.
Para o setor produtivo mato-grossense, os dados do órgão nacional aparentam conservadorismo em decorrência aos problemas climáticos nas regiões Sul e Sudeste do país, por não condizerem com os apontamentos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O levantamento mostra que a produção de grãos deve crescer 1,9% na safra 2011/2012 chegando a 31,53 milhões de t ante as 30,949 milhões de t colhidas na safra 2010/2011. Já a área pode avançar 3,2%, passando de 9,638 milhões de hectares (ha) para 9,947 milhões de ha. Contudo, para a produtividade a previsão é de queda de 1,3%, de 3.211
quilos/ha para 3.170 quilos/ha.
Para a soja, a Conab mantém a estimativa de incremento de 2,8% da produção nesta safra, podendo colher 20,968 milhões de t. O aumento de área reveladopelo órgão é de 5,8% ficando em 6,769 milhões de ha. Na produtividade a perspectiva é de 2,8% de queda, ficando em 3,1 mil quilos/ha.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, as estimativas da Conab não correspondem ao que os produtores acreditam. “Os dados do Imea estão mais precisos com o que os produtores estimam, pois conseguimos plantar a soja dentro da janela ideal e já estamos colhendo ela. Para a safra total de grãos as perspectivas são boas, pois o clima é favorável no Estado”.
Segundo o gestor do Imea, Daniel Latorraca, os dados não batem com o da entidade mato-grossense devido a Conab mostrar-se mais conservadora. “O efeito La Niña nas regiões Sul e Sudeste do país pode estar influenciando para este conservadorismo, mas até o momento Mato Grosso não teve nenhum problema considerado grave que possa retrair a produção. Tivemos alguns problemas de replantio, como em Rondonópolis e Primavera do Leste, mas até o momento não vimos nenhuma perda, nem por questão de doença”.
A estimativa do Imea é de uma safra de 22,162 milhões de t. Já a área plantada foi de 6,985 milhões de ha. Ao contrário do levantamento divulgado em dezembro quando previa quebra na safra 2011/2012 do algodão pluma, a Conab prevê agora alta de 4,3% na produção, saltando de 934,8 mil t para 975 mil t. O mesmo é estimado para a produtividade, que deverá ser de 1.348 quilos/ha. A área destinada a fibra deverá, segundo a Conab, permanecer em 723,5 mil/ha.
Para o presidente da Famato, o pequeno incremento apontado deve-se ao plantio ter iniciado, “mas os preços seguem influenciando e alguns produtores já pensam na redução de área”. Hoje, a pluma é vendida a cerca de R$ 51 a arroba.
Para o algodão a Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa) e o Imea possuem perspectiva de 6,1% de alta na área, sendo semeados 768,8 mil/ha e 14% de aumento na produção de pluma, ficando em 1,068 milhão de toneladas.
Arroz – A safra 2011/2012 de arroz segue com previsão de quebra, conforme a Conab, que chega a 47,3%. Um decréscimo de 795,9 mil t na safra 2010/2011 para 419,4 mil t. A área também possui retração, que atinge 45,4%, caindo de 256 mil ha para 139,8 mil ha. Na cultura do feijão, somando as três safras, a produção deve atingir 256,8 mil t, 9,4% superior a safra passada, contudo a área deve cair 1,5% ficando em 205,1 mil ha.
Conforme Prado, os preços pagos aos produtores pela saca de arroz foi o fator determinante para a retração. “A rentabilidade está baixa. O governo deveria incentivar mais pesquisas na cadeia do arroz e a comercialização. O feijão tende a crescer, pois os preços estão favoráveis”.
Hoje, a saca do arroz é vendida em média a R$ 29,15 no Estado, enquanto que no mês de janeiro de 2011 estava cotado em média a R$ 37,96.