Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso, Alexandre Casado, as mudanças são bemvindas no setor. "Essa medida é ótima para o produtor, pois isso agrega mais valor ao produto. Assim, quanto maior a qualidade, maior o preço obtido pelo leite", afirmou. Ele afirmou que o interesse dos laticínios e dos produtores com essa espécie de autoregulamentação é ampliar o valor agregado do produto.
REIVINDICAÇÕES DO SETOR
As maiores dificuldades para seguir a medida normativa, de acordo com Casado, seriam a energia para manter os tanques de resfriamento, as estradas de acesso dos municípios produtores, que dificultam o transporte do produto, reduzindo sua qualidade devido a condições inadequadas de transporte e a própria consciência dos pequenos produtores. "Se nesses pontos o governo colaborar, acredito que facilitará a parte do produtor", ressalta ele.
Conforme a instrução, estabelecida por meio de acordo entre o governo e os fabricantes de laticínios, caberá à indústria monitorar diretamente os produtores, estabelecer processos de educação continuada para fazendeiros e cooperativas, e remunerar melhor quem entrega o leite cru mais fresco e com as melhores condições.
"O que nós estamos pretendendo, e conseguindo, é, na relação entre fazendeiros [cooperativas] e indústria, criar uma forma que esses valores possam graduar e pagar mais para quem está oferecendo o produto com mais tempo de vida e pagar menos a produtos com menos tempo de vida”, disse o secretário substituto de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Enio Pereira Marques.
REPERCUSSÃO NACIONAL
Os produtores do Sul do país também aprovaram as novas regras. O manuseio e a alimentação do gado, cuidados com a ordenha, armazenamento e resfriamento do leite vão ser fundamentais para garantir o aumento da qualidade do produto. Antes da revisão, a instrução normativa determinava que a partir de 2012, o índice de placas bacterianas baixasse de 750 mil para 100 mil por mililitro de leite. Agora, esta mudança e a que reduz também a contagem de células somáticas vai ser gradativa nos próximos 4 anos.
"Talvez os equipamentos e alguma coisa na alimentação requeiram algum investimento, mas também existe a parte de manuseio, manejo, limpeza e qualidade no momento da ordenha e isso é questão de uso de equipamentos e de ter um cuidado na hora da ordenha. A questão sanitária também é muito importante e precisamos trabalhar neste sentido", afirma Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag).