A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) confirmou, no município de Primavera do Leste (239 quilômetros de Cuiabá), mais um foco da ferrugem asiática, considerada uma das principais doenças da sojicultura. Esse é o segundo foco da doença identificado no Estado nesta safra (2011/12), em cerca de quatro dias. O primeiro foi encontrado em Sinop (a 503 quilômetros ao norte de Cuiabá).
Conforme dados do Consórcio Antiferrugem, formado por empresas públicas e privadas, uma diferença entre os focos chama à atenção. Em Sinop, a doença foi detectada em lavouras em estágio de granação, enchimentos de grãos (R5) e em Primavera do Leste – região cujo plantio é feito com sementes de ciclo mais tardio – a doença se deu no estágio R2, durante o desenvolvimento reprodutivo da planta, ou seja, no florescimento.
"Recomendamos vigilância rigorosa nas lavouras locais e regionais. Normalmente o clima nos meses de janeiro e fevereiro é muito favorável para o desenvolvimento e disseminação do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem da soja. Todos, produtores e técnicos têm de redobrar a atenção", afirma Fabiano Siqueri, pesquisador da Fundação MT e credenciado ao Consórcio Antiferrugem.
Oficialmente já foram detectados nessa safra 19 focos da doença em todo o Brasil, sendo onze no Paraná, quatro em Goiás, dois em Mato Grosso, um no Distrito Federal e um em Minas Gerais.
De acordo com Siqueri monitorar a lavoura é uma das formas para controlar a doença, fazer acompanhamento do clima é outra dica e ficar atento sobre os locais onde focos já foram detectados. O tratamento preventivo com fungicidas de alta eficácia nas lavouras com cultivares suscetíveis é recomendado na fase de florescimento.
De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), com a confirmação do caso de Sinop no dia 30 de dezembro do ano passado, a ferrugem surgiu 20 dias antes em relação à ocorrência da safra anterior (2010/11).
O gerente técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas, que mais do que nunca é preciso que o sojicultor, independente da região em que planta, monitorar de forma efetiva a sua lavoura. "Começamos a colher e isso faz com que o fungo se alastre com o vento. Além disso, temos casos já registrados em outros quatros estados, além de Mato Grosso, sendo a maioria deles no Paraná. Ao menor sinal, o sojicultor deve procurar os mini-laboratórios que disponibilizamos nesta safra". De acordo com Ribas, somente na safra 2011/12, cerca de 300 amostras de plantas foram analisadas. "Não há outra postura a ser adotada agora, a não ser caprichar no tratamento da lavoura".
A DOENÇA – A ferrugem compromete a produtividade das plantas e traz sérias perdas econômicas ao produtor, visto que demanda mais fungicidas do que o habitual – quando se faz a prevenção ao fungo – e se colhe menos. "Em outras palavras, colhemos menos e gastamos mais", aponta o presidente da Aprosoja/MT, Carlos Fávaro.