Foi instalado, esta semana, em Canarana (MT), município a cerca de 800 quilômetros de Cuiabá, o projeto Restauração Florestal de Áreas Degradadas como sistema de produção em Reserva Legal na região de transição Amazônia/Cerrado e no Cerrado. O experimento foi implantado no início deste mês, na Fazenda Angaiá, pela equipe de técnicos da Embrapa Agrossilvipastoril, com sede em Sinop, município a 500 quilômetros de Cuiabá.
A ideia é unir preservação ambiental com lucratividade. Estas ações são importantes porque ajudam a recuperar a área degradada. Além disso, também consolida a reserva legal e propicia sustentabilidade à produção do agronegócio.O experimento está sendo feito por uma equipe da Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).
Entre os objetivos do estudo está a avaliação dos aspectos econômicos, ambientais e biológicos da restauração e manejo florestal de reservas legais. Conforme o atual Código Florestal, as reservas legais têm como função o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Porém, ainda são poucas as informações disponíveis sobre os benefícios econômicos e ambientais destas áreas e, principalmente, sobre processos de recuperação das reservas.
O biólogo e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, explica que este experimento conta com 7 tratamentos. Dois deles avaliam a semeadura direta de espécies florestais nativas em consórcio com adubos verdes. Outros 4 avaliam áreas com plantio de mudas, sendo 2 em consórcio com espécies exóticas como o mogno-africano e o eucalipto. Já o 7º tratamento avaliará a condução de regeneração natural da reserva.
Para a bióloga e pesquisadora do ISA, Natália Guerin, este é um projeto inovador e desafiador, uma vez que irá testar a viabilidade para o produtor da manutenção e exploração sustentável da reserva legal em sua propriedade. "Ao testarmos os vários modelos propostos, será possível avaliar a relação custo/benefício das diferentes técnicas e arranjos, subsidiando informações fundamentais tanto para os produtores, quanto para os elaboradores das legislações que regulamentam as diretrizes para recuperação de áreas degradadas".
De acordo com a pesquisadora, com este experimento também será possível demonstrar que é possível utilizar sustentavelmente a reserva legal, mediante a um planejamento adequado. "Essa porção da propriedade passará a ser mais uma unidade produtiva, não só em termos financeiros, mas também em aspectos ecológicos e conservacionistas. Esta área deixará de ser um corpo estranho na propriedade rural".
O projeto conta com 5 experimentos. Além de Canarana, outras 4 áreas experimentais serão implantadas, sendo 3 em Mato Grosso e uma em Rondônia. Também estão incluídos no projeto a avaliação dos custos para implantação e manutenção dos tratamentos. Os pesquisadores ainda irão analisar os benefícios econômicos.
Este projeto será ampliado com a avaliação de outros componentes como microclima, dinâmica de carbono, microbiologia do solo, recursos hídricos, regeneração natural, colonização por elementos da fauna e outras. "Trata-se de um projeto de longa duração, e esse conjunto de variáveis poderá contribuir para apresentar aos produtores alternativas para a efetiva adoção da reserva legal nas propriedades rurais, tornando palpáveis os potenciais benefícios econômicos, sociais e ambientais dessa importante categoria de uso da propriedade rural", explica o pesquisador Ingo Isernhagen. (Com Assessoria)