O governo deve começar já em meados do próximo ano, para a safra 2012/13, um projeto-piloto para aplicar a nova política de apoio à produção rural, mais ajustada a condições de mercado, com um número limitado de produtores de um segmento a ser definido, na mesma região do país. "A política agrícola tem de ser diferenciada, pelo porte, pela cultura, pela região, e por nível gerencial e tecnológico", comentou o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.
Será a primeira experiência de formação do cadastro de propriedades agrícolas, que deverá dar ao governo e bancos mais detalhes dos candidatos a financiamento.
Vaz explicou que o cadastro de propriedades permitirá uma previsão mais adequada de risco e oferta de apoio aos produtores. Mostrando gráficos com a grande oscilação da rentabilidade em diversas culturas, durante seminário em comemoração aos 60 anos da CNA, Vaz afirmou que o governo busca mecanismos para reduzir a variação de renda e o risco da atividade, com garantias subsidiadas e maior acompanhamento do esforço de cada produtor pela melhoria de produtividade.
"O governo tem de declarar com bastante antecedência o que vai fazer", adiantou. "Queremos atuar mais na formação de expectativas, quando o produtor vai tomar decisão de investimentos, comprar insumos e decidir o plantio", disse.
O projeto do governo cobrará planos de negócios para a atividade agrícola, deve elaborar uma matriz de riscos da atividade rural, com a criação de condições para lançamento de títulos do agronegócio e de um modelo de provisionamento de recursos para enfrentar os ciclos negativos de preços, adiantou.
O secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, ressalvou que o projeto ainda depende de discussões na equipe econômica, por sua complexidade. Ele deve dar garantias com subsídio oficial aos produtores que aderirem, mas não está claro o que fazer com os que preferirem ficar de fora, em caso de crise no mercado. Já está clara, porém, a necessidade de abandonar a política atual, de regras gerais segundo cada atividade na agricultura, e detalhar os instrumentos de apoio segundo a necessidade de cada produtor.
"Se quisermos pensar em avanço mais efetivo para a classe média rural, precisamos avançar no conhecimento desse público", comentou. Os dados fornecidos pelos produtores às agências de governo não são cruzados e podem ser contraditórios, o que deverá acabar na nova política. Se não houver unificação de cadastros, haverá, pelo menos, simplificação e confronto de dados, disse.