A população mundial deverá aumentar 30% até 2050 e passar para 9 bilhões de habitantes. O crescimento ocorrerá em paralelo à crescente urbanização dos países emergentes – em 2020, a população nas cidades deve se igualar à do campo. A migração trará novos hábitos alimentares, como o aumento no consumo de proteínas e de alimentos processados. Nesse cenário, Brasil poderá se tornar o maior exportador mundial de alimentos, se conseguir superar entraves e incentivar os pequenos produtores.
Para o diretor de novos negócios da Syngenta, Renato Seraphim, o desafio de alimentar a população terá de ser resolvido pelo aumento da área plantada e produtividade. No Brasil, é possível até quintuplicar a atual relação de uma cabeça de gado por ha, liberando parte dos 190 milhões de ha destinados à pecuária para outras culturas. Além disso, a tecnologia poderá aumentar em até 30% a produtividade de culturas como a da soja.
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Neder, a inclusão social produtiva passa pela redução da pobreza no campo e pelo reforço da agricultura familiar, que hoje envolve 23 milhões de pessoas. Para estimular o complexo agrícola familiar, é preciso investir em microcrédito e ampliar o acesso dos pequenos agricultores a universidades e institutos de pesquisas.
Helder Muteia, representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, lembra que as mudanças climáticas podem provocar alterações no ciclo de chuvas, influenciando o plantio. Isso em um momento de crescimento da demanda por alimentos e por biocombustíveis, o que pode aumentar as pressões sobre o uso do solo.