Se Mato Grosso tiver de escolher uma cultura para ser a ‘cultura do ano’ o título sem dúvida alguma vai o milho. A receita das exportações em dez meses de 2011 ultrapassa em quase 6% o total contabilizado nos doze meses do exercício 2010. De janeiro a outubro deste ano, Mato Grosso exportou US$ 1,41 bilhão ante US$ 1,33 bilhão do ano passado. A vantagem observada é fruto exclusivo da valorização das cotações do cereal no mercado internacional.
O grão mato-grossense ganhou a preferência do mercado externo a partir de 2009 é desde o ano passado é o segundo mais importante produto da pauta estadual de exportações, ocupado por muitos anos pela madeira e sucedido de 2007 a 2009 pelo complexo carnes (bovinos, suínos e aves). A surpresa, não está apenas nos volumes embarcados e nos preços, mas sim, na manutenção deste ritmo de vendas, como apontam projeções de curto e médio prazo. Novos recordes virão inclusive já para 2012. No mês passado, por exemplo, o volume de embarques surpreendeu e superou o teto dos meses anteriores ao atingir movimentação de 844 mil toneladas.
De acordo com a análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em outubro – mês onde as baixas nas exportações são esperadas e tradicionais – “o milho voltou com bastante força”. Com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Imea avalia que nos últimos quatro anos, o maior volume exportado por Mato Grosso relativo ao mês de outubro havia sido em 2010, com 754 mil toneladas. Em 2009, haviam sido 637 mil toneladas, ante 285 mil toneladas em igual mês de 2008.
“No entanto, outubro de 2011 superou em 12,1% maior, com o embarque de 844 mil toneladas”. Com este volume, a receita das exportações de milho em outubro totalizou US$ 245 milhões, algo em torno de US$ 17,44/saca pagos para o exportador. Até o final de outubro, Mato Grosso já exportou o equivalente a 65,9% do volume total exportado no ano passado, e a receita das exportações já ultrapassou 15% da receita total do ano de 2010, indicando o preço maior do cereal nas exportações deste ano.
O maior consumidor do milho colhido no Estado é o Irã que utiliza o grão como ração animal. Do total de embarques, o país persa, foi destino de mais de 1,2 milhão de toneladas das mais de 4 milhões exportadas pelo Estado. Do total estadual, mais de 50% foram despachadas pelo porto de Santos (SP).
MAIS – Mato Grosso é o maior produtor de soja, algodão e milho segunda safra do Brasil e detém também o maior rebanho de bovinos do país. “A concorrência pelo milho estadual, seja ela interna ou externa está cada vez mais acirrada no mercado”, aponta o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
Melhor indicador do apetite e da conseqüente concorrência pode ser facilmente visto nos números. Em um ritmo sem precedentes, as vendas antecipadas do milho safra 2012 atingiram 46,6% de uma lavoura que só será plantada a partir de meados de janeiro. O volume, sem qualquer referência para comparações, era visto a partir do andamento da safra. Diante deste percentual temos quase metade da segunda safra mato-grossense vendida.
O Imea projeta o cultivo de 2 milhões de hectares e uma produção de 8,90 milhões de toneladas, números que se confirmados estarão 14,2% e 27,3% superiores ao registrado na safra 2011, respectivamente.