Há uma carência enorme de mão de obra especializada, nos mais diferentes setores da agricultura. Hoje falta motorista para dirigir caminhões modernos, faltam operadores de máquinas agrícolas, tratoristas, mecânicos-eletricistas. Apontado como um dos principais
entraves no setor agropecuário de Mato Grosso, a falta de mão
de obra especializada para operar as máquinas agrícolas tem motivado o setor a buscar novas estratégias para a capacitação dos trabalhadores.
Segundo o produtor rural Eduardo Silveira, o agronegócio vive uma verdadeira revolução tecnológica com a introdução de inovações que atingem até mesmo a simples aplicação de defensivos. Mas segundo ele,
o que aparentemente seria algo positivo traz à tona outra realidade.
VAGAS SOBRANDO
Sobra trabalho e falta gente qualificada no campo. Estes são
os principais fatores que levaram o setor agropecuário a registrar a maior taxa de vagas de emprego no primeiro semestre deste ano no país. Os dados do Ministério do Trabalho mostram que houve um aumento de quase 16% na oferta em relação ao mesmo período de 2010.
Atualmente, existem milhares de vagas de empregos a serem preenchidas no campo nos mais variados segmentos, mas a falta de qualificação dos trabalhadores está gerando uma situação inusitada, com o desemprego
crescente e a oferta de vagas em ascensão. Em relação ao primeiro semestre do ano passado, a oferta de vagas no setor agropecuário aumentou 15,8%, enquanto o setor de serviços registrou taxa de quase 4% e a indústria de transformação 3,2%. Foram geradas 235 mil vagas para trabalho no campo.
De acordo com Eduardo, encontrar um profissional para determinadas funções tem se tornado uma verdadeira dor de cabeça para os produtores rurais. “Serviço temos de sobra, mas faltam pessoas qualificadas para
operar as máquinas”, conta ele.
EMPECILHOS
Além da falta de mão de obra qualificada os produtores enfrentam um outro problema sério: o nível de escolaridade no campo. “Essa realidade é o principal entrave para a qualificação da mão de obra especializada. Você precisa de pessoas alfabetizadas para lidar com esse tipo de equipamento”, diz Élio.
Mês passado, um grupo de professores, intelectuais e entidades da área da educação assinaram uma manifesto lançado pelo MST, que denuncia o fechamento de 24 mil escolas na área rural e cobra a implementação
de políticas de fortalecimento da educação no meio rural.
Segundo Élio, o Brasil convive com nível de analfabetismo muito alto; 70% dos trabalhadores rurais são analfabetos, ou são analfabetos funcionais. Se compararmos a capacidade efetiva de leitura, interpretação, chegaremos a somente 10% que possem capacidade e discernimento para interpretação concreta.
“Então este é o desafio: promover alfabetização de qualidade e, ao mesmo tempo em massa, promover elevação de escolaridade e, juntamente com isso, propor aos trabalhadores especialização em algumas áreas mais carentes”, afirma ele.