Os primeiros dias de viagem do Sistema Famato/Senar à Itália para conhecer mais de perto o potencial da raça leiteira Valdostana e para iniciar uma parceria com a universidade de Turim para a transferência de tecnologia na produção de derivados de leite e embutidos foram muito produtivos. Um dos eventos oficiais da missão técnica foi uma reunião com a Secretaria de Agricultura e Recursos Naturais do Vale D‘Aosta, que já havia iniciado um projeto de intercâmbio com o Estado de Mato Grosso.
"O encontro foi bastante proveitoso para mostrarmos que existem parceiros no Brasil realmente interessados no projeto, como o Sistema Famato/Senar, a Associação de Produtores de Leite (Aproleite) e a prefeitura de Sorriso", observou o presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado. De acordo com ele, o grande estímulo à parceria é a percepção de que a adaptabilidade da raça ao clima tropical é possível.
As características da raça reiteram essa percepção: trata-se de animais rústicos, que se adaptam bem a regiões de clima adverso, como é o caso do Vale d‘Aosta – cuja insolação é muito similar à encontrada em Mato Grosso. Além disso, a Valdostana é uma raça com grande resistência a carrapatos, sendo de dupla aptidão (corte e leite).
Recentemente, a Famato assinou, junto com a prefeitura e o Sindicato Rural de Sorriso, um termo de cooperação internacional com a Universidade de Estudos de Turim, na Itália. O objetivo é capacitar instrutores para a produção de leite e derivados oriundos da raça Valdostana. Um dos atrativos da raça é o fato de demandar um menor consumo de leite para a produção de queijo: cerca de 30% menos do que outras raças. Isso ocorre porque o leite da Valdostana possui maior quantidade de gordura e proteína.
O Vale d‘Aosta é conhecido principalmente pela produção do queijo Fontina, considerado marca registrada da região. O sistema de produção é bem rígido: há uma série de regras próprias, como a exigência de que o gado a produzir o leite seja alimentado exclusivamente com feno da região, adotando uma relação máxima de 1-2 kg de concentrado.
O preço pago ao produtor de leite gira hoje em torno de € 0,30/litro, mas o leite que é direcionado para a produção do queijo Fontina é comercializado a € 0,60/litro. Em média são utilizados 10 litros de leite para cada quilo de queijo produzido. O preço final do queijo da região sai por € 15,00 a € 18,00 por quilo.
A raça Valdostana existe na Itália desde os anos 1400, sendo originária da raça Simental.
Comitiva
A equipe do Sistema Famato/Senar retorna da Itália no dia 12 de novembro. A comitiva é formada pelo presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, pelo diretor Administrativo e Financeiro da Famato, Nelson Piccoli, pelo superintendente do Senar-MT, Tiago Mattosinho, e pelo presidente da Associação do Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite), Alessandro Casado. "É uma oportunidade para conhecer as potencialidades da raça Valdostana, trocar experiências e adquirir conhecimentos para aprimorar a produção de leite em Mato Grosso", observa Rui Prado.