Os liquidantes da massa falida da Fazendas Reunidas Boi Gordo, que prometia aplicações com ganhos espetaculares em gado e quebrou em 2001, realizarão dois leilões de quatro fazendas no mês que vem.
A previsão inicial era leiloar sete propriedades, mas as condições de desocupação de três delas ainda não estavam claras. "As demais fazendas, além de outras duas, deverão ser levadas a leilão no primeiro semestre do ano que vem", afirma Gustavo Sauer de Arruda Pinto, síndico da falência.
No primeiro leilão, no dia 7 de novembro, serão colocadas à venda a fazenda Alteza I e II – localizada em Cáceres (MT) e avaliada em R$ 744 mil – e a Primavera, em Poconé (MT), com valor estimado de R$ 1,380 milhão. Os preços ainda terão correção monetária. Já no dia 24, serão leiloadas mais duas propriedades: Vale do Sol II, em Salto do Céu (MT), e Realeza, em Itapetininga (SP), avaliadas em um total de R$ 14,538 milhões.
Os leilões serão presenciais e transmitidos pela TV, pelo "Canal do Boi", e pela internet. "Será o primeiro leilão judicial transmitido ao vivo pela TV, o que permitirá atingir um público maior", afirma Eronides Aparecido Rodrigues dos Santos, promotor da Justiça de Falências de São Paulo. Também foi criado um site (www.massafalidaboigordo.com.br) para os interessados poderem acompanhar.
A dívida da Boi Gordo soma hoje cerca de R$ 3 bilhões e reúne cerca de 30 mil credores, a maior parte é de investidores que chegaram a aplicar R$ 1 bilhão.
A massa falida já conseguiu vender a fazenda Eldorado, localizada na Chapada dos Guimarães, em leilão realizado em 2009, arrematada por R$ 4,650 milhões. Outra fazenda chegou a ser leiloada, mas não foi vendida porque os lances ficaram abaixo do valor de avaliação. Ainda foi desapropriada uma propriedade pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2008, por R$ 5 milhões, sendo a que a metade do valor já foi quitada.
No ano que vem, deverão ser colocadas à venda mais duas fazendas, que estão em avaliação. Só a Realeza do Guaporé I e II, de cerca de 120 mil hectares, localizada em Pomodoro (MT), tem valor estimado de mais de R$ 100 milhões, afirma Sauer. Outra, localizada ao norte de MT, aguarda definição do Código Florestal para ser vendida.
A massa falida tem hoje em caixa cerca de R$ 28 milhões. Somando-se isso às propriedades vendidas mais as que estão em avaliação, o valor dos ativos deve superar R$ 200 milhões. Os credores da dívida trabalhista e tributária têm preferência no pagamento, que pode chegar a R$ 135 milhões.