Produtores mato-grossenses afirmam que perdas com diferencial de preço na arroba do boi geram prejuízo estimado de R$ 510 milhões ao ano. Cálculo é realizado com base no desconto feito ao pagamento do produtor devido à distância entre Mato Grosso e São Paulo, onde o preço de referência é formado.
Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) apontou em levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) que o diferencial de preço entre a arroba em Mato Grosso e Araçatuba (SP) é de 12,6% e que na verdade o custo com frete, que serve de critério para o diferencial, representaria 4,43%.
Para Luciano Vacari, superintendente da associação, as empresas estão tendo uma economia de 8 pontos percentuais entre o custo e o que é gasto e não repassam nem para o produtor nem aos consumidores. “É como se cobrassem um preço pelo frete e pagassem menos por ele”. Além de questionar o custo real, Vacari ainda afirma que tomar o preço da arroba em Araçatuba como referencia não faz mais sentido, até porque o
parque industrial não está mais restrito naquela região.
“Não tem porque descontar o diferencial do animal em Mato Grosso sendo que ele não é mais abatido em São Paulo”, afirma ao comentar que maioria dos abates ocorre no Estado.
Sócio de frigorífico em Sinop (a 500 km da Capital), Milton Belincanta revela que no mercado o que impera é a lei de oferta e procura e que os preços de referências são utilizados mais para adotar um parâmetro,
porém a formação do valor é de acordo com a demanda. “Aqui em Sinop estamos pagando mais caro pela arroba do que em Cuiabá, o que pela lógica do referencial de base não faz sentido. Se o preço de Araçatuba fosse considerado, assim como a distância até lá, Sinop teria a arroba mais cara”.
Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, afirma que este é assunto delicado porque os preços de referência são adotados para documentos e vendas em papel, mas que no mercado físico o que contribui para formação do preço é a oferta e procura da mercadoria.
Para Luciano Vacari, o preço de referência poderia ser formado em diferentes regiões ou até mesmo atualizado frequentemente de acordo com os valores cobrados pelo frete entre a cidade de qual o animal está sendo levado até a unidade que irá abater. Além de considerar mais justo, o representante acredita que com isso haveria mais concorrência no segmento, que segundo ele é dominado por poucas empresas, o que prejudica os pecuaristas.
“Não existe mais a necessidade do diferencial porque há indústrias em Mato Grosso e em outros estados também”.