Nas gôndolas dos supermercados o preço do litro do leite, especialmente o longa-vida (UHT), ainda continua a pesar no bolso dos consumidores. Algumas marcas vindas de outros estados podem ser encontradas por até R$ 2,80 e as locais por até R$ 2,29. Quem atua no segmento, seja na cadeia industrial, como no varejo, diz que o pico de preços em 2011 já foi atingido há cerca de dois meses e desde então se manteve alto, porém, estável. Entre um preço médio de até R$ 1,80 para o máximo de até R$ 2,80, a variação chega a 55%.
Com a chegada das chuvas e o fim da entressafra na pecuária – junto com o período de estiagem no Estado – a previsão é de que em cerca de 60 dias haja uma retração sobre os preços e ele possa ser encontrado abaixo de R$ 1,80, valor que vigorava antes da alta.
“As chuvas vão regularizar o abastecimento por meio de uma maior oferta do segmento produtivo”, afirma o vice-presidente para assuntos com fornecedores da Associação dos Supermercados de Mato Grosso (Asmat), Altair Magalhães.
O vice-presidente da Lacbom, maior empresa do segmento de laticínios do Estado, Ivanildo José Rodrigues, conta que a entressafra prejudicou muito a empresa que chegou a processar cerca de 110 mil litros por dia de leite, ante uma média de 150 mil/dia em igual período do ano passado. Nos últimos dias houve uma recuperação, com o processamento de 140 mil litros/dia, mas ele frisa que a capacidade instalada da empresa, vai até 200 mil litros/dia. “Sempre trabalhamos com ociosidade”. A Lacbom é 100% mato-grossense e a sede está localizada no interior do Estado, na cidade de Araputanga (a 345 quilômetros ao noroeste de Cuiabá).
Com o início das chuvas, Rodrigues afirma que a Lacbom vai começar a reduzir os preços, “vamos incentivar as promoções a partir de agora”, não apenas do leite UHT, como também do queijo mussarela.
Com a maior oferta, a tendência de redução sobre os preços do litro do leite é esperada tanto nas gôndolas quanto ao produtor. De um preço médio de R$ 0,78 por litro, foi a R$ 0,85 e deve ficar em R$ 0,68.
O ideal do ponto de vista financeiro, como pondera, seria ampliar a oferta dos derivados, como o queijo que tem um valor agregado maior no mercado – produto que facilitaria inclusive a logística – mas ele lembra que sem a ampliação da oferta fica difícil já que para se produzir um quilo do queijo são necessários 10 litros de leite. “A grosso modo, ao invés de transportar 300 mil litros de leite, transportaríamos 30 toneladas de queijo”, exemplifica.
PROBLEMAS – Apesar do otimismo do executivo – que também é produtor – com a chegada das chuvas e o fim gradativo da entressafra, ele lembra da dificuldade em se adquirir leite nos últimos dois anos. “O clima no Estado está mudando. A chuva chega cada vez mais tarde e vai embora cada vez mais cedo e ainda falta gestão dentro das propriedades de gado leiteiro para aumentar a produtividade. O Estado tem muito que caminhar em relação à atividade leiteira”.
Em média, os cooperados que comercializam o leite com a Lacbom registram uma produtividade média de seis a sete litros de leite por vaca. Para Rodrigues o ideal seria chegar a pelo menos 10 litros por animal, “mas para isso é preciso investir em alimentação e manejo”. A região de Araputanga é conhecida pela vocação de pecuária leiteira. “Eu tenho animal que rende 40 litros por dia, mas minha média fica entre 14 e 15 litros. No entanto, há em Araputanga vaca com 50 litros ao dia”, exclama.