O embargo russo à carne suína brasileira completa 120 dias. Desencontros entre os governos russo e brasileiro continuam, e os produtores somam perdas no período.
"Não se substitui um cliente que ocupa 44% das exportações de um dia para o outro", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (entidade que congrega os produtores e exportadores de carne suína).
Mas o estrago do embargo parece ser menor do que se imaginava. O país buscou novos mercados e elevou as vendas para Hong Kong, Ucrânia, Argentina e Venezuela.
Camargo Neto diz que "a Rússia é sempre uma caixa de surpresas. As informações continuam desencontradas e nós, como setor privado, temos pouco a fazer a não ser continuar a pressionar o Ministério da Agricultura. Essa negociação é de governo para governo".
Além das perdas financeiras, Camargo Neto destaca o desgaste para o país. A autoridade sanitária russa relatou "informações muito desabonadoras para o Brasil". Além disso, os russos continuam reclamando da falta de relatórios, que o Brasil diz ter atendido. "Precisaríamos ter reagido com mais energia e competência", diz ele.
A grande questão é o cumprimento das normas de saúde pública dos alimentos de origem animal da Rússia. Segundo Camargo Neto, o Brasil já deveria ter negociado um sistema de equivalência. Alguns pontos da norma são cumpridos no Brasil de forma diferente do que é feito lá, mas com o mesmo efeito.
"Existe também uma gama de exames laboratoriais. Alguns não têm sentido realizar aqui; outros não eram realizados. Há ainda os que são realizados, mas os russos parecem ignorar", diz ele.
Com tantos problemas nas negociações com a Rússia, Camargo Neto diz que o futuro da exportação de suínos do país está na Ásia. "Com a visita da presidente Dilma Rousseff em maio, aprovamos três fábricas para a China e esperamos terminar o ano com número maior de aprovações e os primeiros embarques ocorrendo."
Japão e Coreia têm processos de habilitação em andamento, o que torna o país menos dependente do mercado russo, diz Camargo Neto.
18/10/2011