O Paraguai solicitou ontem o envio de especialistas em saúde animal de países vizinhos para que atuem no combate ao foco de febre aftosa descoberto em seu território. "O objetivo é encontrar a origem do foco", afirmou o brasileiro Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura.
O pedido foi realizado por meio do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP), que se reuniu ontem no Encontro Nacional de Defesa Sanitária Animal, em São Paulo. O comitê é composto pelos chefes de defesa sanitária animal de Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia. O diretor do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), Otorino Cosivi, também participou do encontro.
Apesar da solicitação, o comitê considerou adequadas as medidas tomadas pelo Paraguai, em conformidade com as determinações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). "Entendemos que as autoridades paraguaias trabalharam de maneira satisfatória", disse Marques, representante do Brasil no CVP.
O número de especialistas – entre veterinários, epidemiologistas, técnicos em vigilância e em diagnóstico laboratorial -, a ser enviado ao Paraguai ainda não está definido, informou o diretor interino do Serviço Pecuário Oficial do Paraguai (Senacsa), Carlos Simón. Ele estimou perdas de US$ 300 milhões em decorrência da suspensão das exportações de carne bovina do Paraguai, setor que representa 7% do PIB do país.
O diretor do Senacsa acredita que os primeiros técnicos devem ser enviados ainda este mês ao Paraguai. Apesar de não saber precisar o número de especialistas brasileiros aptos a participar da missão no país vizinho, Guilherme Marques reconheceu que a capacidade nacional é limitada. "Temos demanda interna também". Segundo Simón, os esforços para contenção da aftosa já consumiram US$ 500 mil do total de US$ 1 milhão disponibilizado pelo fundo público de emergência do país.
Na tarde de ontem, o representante do Paraguai encontrou-se com o diretor Panaftosa para alinhavar o plano de cooperação técnica entre o país e a entidade.
O foco de aftosa foi encontrado em setembro no Departamento de San Pedro, no centro do Paraguai. A descoberta preocupa o Brasil, já que Mato Grosso do Sul e Paraná fazem fronteira com o país.