Apesar da polêmica que gira em torno do uso de defensivos agrícolas na proteção das lavouras brasileiras, o Brasil se destaca mundialmente pela forma adequada e níveis de aplicações que faz desses produtos. Esta opinião é compartilhada por diversos especialistas que estão confirmados para o workshop sobre agricultura sustentável “Mato Grosso – Fatos e Mitos”. O evento será amanhã (4.10), a partir das 8h30, no auditório do Senar. As inscrições podem ser feitas pelo email eventos@famato.org.br. A participação é gratuita.
Para o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher,“se Mato Grosso é o maior produtor do Brasil, é natural que seja o maior consumidor de agrotóxicos”. “Mas, mesmo sabendo que por conta do clima tropical a agricultura brasileira exige maior uso de tecnologias para o controle de pragas, o uso de defensivos é bem menor que o observado nos principais países agrícolas”, antecipa o presidente do Sistema Famato, Rui Prado.
Em estudo recente, a empresa de consultoria alemã Kleffmann Group mostra que, entre os grandes países produtores, em 2004 o Brasil já detinha um dos melhores números em relação à produtividade, o que resultou num dos maiores saltos de produção sem aumento de área. Naquele mesmo período o produtor brasileiro apresentava ainda um dos menores investimentos com defensivos por área plantada.
Segundo o levantamento europeu, entre 2004 e 2009 o investimento em defensivos agrícolas registrou aumento de apenas 1,5% em dólar por tonelada de produto colhido, enquanto que a produção brasileira teve a maior evolução ampliando em 44% o volume de alimentos, evidenciando a sustentabilidade da agricultura nacional.
O médico toxicologista e professor doutor da Unicamp, Ângelo Zanaga Trapé, explica que é preciso muito cuidado com a forma como a informação é levada ao público. “Dependendo de como você comunica determinados resultados de pesquisas, você pode gerar conflitos e até pânico nas pessoas”, ressalta.
Trapé trabalha como pesquisador da Unicamp avaliando a exposição das pessoas a agrotóxicos há 30 anos, e aponta que nos últimos 15 anos houve uma melhora muito grande na segurança dos agricultores. “Os resíduos em alimentos são muito pequenos. A mesa do consumidor brasileiro está com uma qualidade e segurança alimentar muito grande”. Mas ressalta: “isso não significa que não é preciso fazer controle, monitoramento e fiscalização.”
“Há diversas opiniões polêmicas e às vezes antagônicas. Fato é que precisamos buscar um equilíbrio entre uso de transgenia, defensivos e área agrícola. Às vezes pode ser mais vantajoso usar mais defensivos e necessitar uma área agrícola menor, por exemplo”, opina o diretor da Kleffmann, Lars Schobinger. Ele lembra ainda que o uso de defensivos no Brasil é regulado pelo Estado e nossa indústria é referência mundial no correto manejo dessa ferramenta.
A palestra de Ângelo Trapé sobre “Comunicação do Risco na Segurança Alimentar” será às 10h30. Na sequência, o gerente da Andef, Guilherme Guimarães, mostra alguns estudos de caso no tema. A partir das 13h30, o diretor da Kleffmann, Lars Schobinger, apresenta “A evolução dos índices produtivos e o uso de defensivos agrícolas” e para encerrar, o diretor executivo da Andef, Eduardo Daher, fala da competitividade versus os entraves ao agronegócio brasileiro.
O diretor executivo da Famato, Seneri Paludo, e o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, fazem palestras sobre o “Agronegócio Mato-grossense” na parte da manhã, às 9h.
O “Workshop – Agricultura Sustentável: Mato Grosso – Fatos e Mitos” é realizado pelo Sistema Famato, Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária (Imea) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), com apoio da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Cearpa Mato Grosso, Aprosoja e Crea-MT.