O Encontro de Produtores da Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) teve início nesta quinta-feira (21/08) e segue até sexta-feira (22/08), em uma iniciativa da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e da Embrapa Pantanal. O evento reúne produtores rurais, presidentes de sindicatos rurais, pesquisadores, representantes de entidades e autoridades com o propósito de fortalecer a produção sustentável e reafirmar o papel do pantaneiro como aliado na conservação do bioma.
Na solenidade de abertura, o diretor Administrativo e Financeiro da Famato, Robson Marques, destacou o papel essencial do produtor rural na conservação do Pantanal, reconhecido como o bioma mais conservado de Mato Grosso. “O pantaneiro cumpre a legislação, promove desenvolvimento econômico e social e, ao mesmo tempo, cuida do território em que vive e produz. Ele é o maior interessado em assegurar a conservação do Pantanal e precisa ser valorizado pelo seu trabalho, não criminalizado por causa de uma minoria que age à margem da lei”, afirmou.
Mato Grosso é pioneiro na execução do software FPS, idealizado pela Embrapa Pantanal com a participação da Embrapa Agricultura Digital. A ferramenta foi desenvolvida pelo especialista em ciência de dados da Embrapa Agricultura Digital, Helano Povoas de Lima, em parceria com pesquisadores da Embrapa Pantanal, e permite avaliar a sustentabilidade das propriedades pantaneiras em três dimensões: ambiental, econômica e sociocultural.
A chefe-geral da Embrapa Pantanal, Suzana Salis, destacou que o programa é uma inovação que fortalece o trabalho de campo e orienta práticas sustentáveis. “O Programa Fazenda Pantaneira Sustentável foi desenvolvido para avaliar a sustentabilidade das fazendas pantaneiras. São 56 indicadores que abrangem desde aspectos ambientais até sociais e econômicos. Essa metodologia agora será aplicada por técnicos do Senar-MT, capacitados para coletar os dados diretamente nas propriedades. Expandir esse projeto significa apoiar o produtor rural e dar visibilidade às práticas sustentáveis que já acontecem no Pantanal”, explicou.
A promotora de Justiça do Ministério Público Estadual, Ana Luíza Ávila Pertelini de Souza, também parabenizou a iniciativa e destacou a disposição da instituição em contribuir. “O Ministério Público não é um órgão apenas de punição. Nosso papel é dialogar, entender e apoiar projetos que assegurem a conservação e o desenvolvimento sustentável. O FPS representa um caminho de cooperação que pode gerar avanços importantes para o Pantanal”, declarou.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Flávio Gledson Vieira Bezerra, reforçou a relevância de unir conservação, legislação e produção. Ele destacou o engajamento dos produtores pantaneiros no enfrentamento aos incêndios florestais, principalmente no período de estiagem. “O Corpo de Bombeiros tem presenciado no campo o esforço dos produtores em alinhar desenvolvimento com conservação. A grande maioria atua de forma responsável, inclusive nos auxiliando no combate aos incêndios, ao contrário do que muitas vezes se divulga. Não podemos generalizar pelos erros de uma minoria. O pantaneiro produz, conserva e nos ensina com sua experiência de quem vive há muito tempo na terra”, afirmou.
Durante participação no encontro, na mesa de diálogo, o senador Wellington Fagundes firmou o compromisso de construir uma emenda de comissão ampla que garanta recursos para o Pantanal.
“O Pantanal precisa ser tratado como uma causa coletiva, que una Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em torno de políticas consistentes. Por isso, assumo aqui o compromisso de articular uma reunião, já nos próximos dias, envolvendo os produtores pantaneiros, a Famato, a Embrapa e representantes dos dois estados, para que possamos definir uma agenda comum e estruturada. A ideia é construir, de forma conjunta, uma emenda de comissão ampla que garanta recursos não apenas para o Programa Fazenda Pantaneira Sustentável, mas também para outras demandas essenciais do bioma. Quero ser cobrado por isso e me coloco à disposição para liderar esse diálogo junto às bancadas e aos ministérios, com o objetivo de transformar o Pantanal em prioridade de Estado”, declarou Wellington Fagundes.
Ao longo do dia, os participantes acompanharam palestras, mesas de diálogo e apresentações técnicas que trataram de temas como sustentabilidade, licenciamento ambiental, combate a incêndios e manejo da vegetação nativa. As discussões mostraram que o sucesso do FPS depende da integração entre ciência, pesquisa, capacitação, políticas públicas e o conhecimento prático do produtor rural pantaneiro, que segue como o verdadeiro guardião de um dos biomas mais importantes e belos do Brasil.