Uma alternativa para o pecuarista atravessar uma das fases mais críticas da falta de pasto, é armazenar alimentos na forma de silagem. Essa prática tem sido cada vez mais comum, principalmente em regiões com exploração pecuária mais técnica, onde a procura por melhores índices zootécnicos e rentabilidade econômica tem levado grande
número de produtores, sobretudo os que utilizam o confinamento, a adotarem sistematicamente essa prática.
A silagem vem a ser uma das técnicas mais eficientes graças às várias culturas alternativas que podem ser usadas para o processo, como os excedentes de pastagens, forrageiras, cana, capim elefante (tradicionais capineiras), milheto, girassol e outras espécies mais nobres, como o milho e o sorgo.
Segundo o técnico da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) João Acácio Muniz, “o desenvolvimento da atividade pecuária para alcançar níveis mais produtivos tem levado os
pesquisadores à procura de soluções para atender à demanda crescente de alimento durante o período de estiagem. Desta procura tem surgido muitas opções, e a produção de silagem é uma das que se destacam”.
O pesquisador explica que a silagem nada mais é do que a manutenção das características da planta ensilada quanto à sua composição nutricional em ambiente anaeróbico. Assim, todas as propriedades desejáveis do alimento são obtidas e o adequado processo de conservação apenas tem por finalidade preservar esta qualidade adquirida.
PASSO A PASSO
A determinação do ponto de corte é um dos aspectos mais importantes para alcançar a tão procurada qualidade na silagem. João Acácio destaca que o processo de colheita é de grande importância, pois os procedimentos desta etapa estão relacionados com a extensão da
fermentação, tipo de fermentação e conservação da massa ensilada. “Por
estes fatores verificamos a importância de se colher a forrageira no momento adequado, com teor de matéria seca adequado, ou com alta participação de grãos, para que haja, não apenas uma silagem de boa qualidade, mas que haja também adequada conservação”, explica ele.
Segundo o pesquisador, após a colheita o carregamento do silo deve
ser o mais rápido possível e de maneira adequada, de tal forma que o período entre o corte e o final do processo de conservação seja o menor possível, a fim de que as perdas sejam reduzidas ao mínimo.
O fechamento do silo deve ser feito com lona plástica, com total vedação nos bordos e coberto com material que promova o maior contato lona/silagem, com total expulsão do ar na superfície. “É muito importante que o material seja vedado de forma que não possa entrar nada de ar”, finaliza o pesquisador.
João Acácio explica que em uma boa silagem os processos fermentativos terão início logo que haja ambiente anaeróbico dentro do silo e terão fim num prazo de 21 dias. “Na prática, uma boa silagem, com boa compactação, já pode ser utilizada num prazo de 15 dias após seu
fechamento”, diz ele.
O material, se estiver corretamente vedado, pode permanecer por longos períodos estocado, sem perder nada na sua qualidade como alimento. A partir do momento que o silo é aberto, no entanto, todo o cuidado que o criador teve para garantir a preservação da silagem passa a não
mais existir, ou seja, a silagem entra em contato com o ar e começa a estragar. Segundo o pesquisador, para evitar que a silagem fornecida aos animais seja de baixa qualidade, deve-se retirar diariamente
uma fatia de no mínimo 30 centímetros de espessura de toda a face exposta da silagem.