A projeção de expansão do volume de bovinos confinados, em Mato Grosso, não se confirmou em 2012. Em abril, quando a primeira estimativa foi apresentada, os números apontavam para um incremento de 14% frente ao realizado em 2011. O percentual, se confirmado, superaria a estimativa nacional em torno de 13% de ganho ante o ano anterior. No entanto, a brusca elevação dos preços do milho a partir de junho e a continuidade das cotações da soja acima dos níveis históricos modificaram o cenário e juntamente com outros problemas do segmento, arrefeceram o intuito de suplementar a engorda dos animais e no fechamento do ano o que se tem é um volume de cabeças 2,6% abaixo do total confinado em 2011.
Ontem, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apresentaram o 3º e último levantamento sobre o confinamento bovino no Estado. Nesta avaliação se contabilizou um volume de 792,8 mil cabeças bovinas levadas ao confinamento ante 813,9 mil terminados em confinamento no ano passado. De acordo com o Imea, o volume de cabeças que passaram pela engorda intensiva ficou aquém do que era esperado em abril, quando a pesquisa apontava que a intenção dos produtores era confinar 929,9 mil, o que geraria um ganho de 14% sobre o realizado em 2011.
Para a Acrimat esta mudança no planejamento dos pecuaristas é consequência do mercado de grãos – soja e milho, o que encareceu muito a ração – principal insumo utilizado no confinamento – e do mercado futuro de animais. Conforme explica o superintendente da Associação, Luciano Vacari, de abril lá para cá o cenário mudou, houve quebra de safra nos Estados Unidos e o preço dos grãos disparou. Além disso, o boi na Bolsa teve queda no começo deste ano. “Confinar é negócio e por isso é preciso analisar a rentabilidade. Por um período se acreditou que seria viável trocar o pasto pela ração, mas depois isso mudou e os custos aumentaram muito. Foi quando os produtores recuaram”. O custo do confinamento por dia passou de R$ 4,32 em 2011 para R$ 5,28, alta de 22%.
Em abril a intenção era confinar 929,9 mil, em julho, no 2º levantamento do ano, este número caiu para 740,4 mil e depois voltou a subir, fechando com 792,8 mil animais confinados. “O que percebemos é que o confinamento foi adiado este ano. Os pecuaristas esperaram o mercado se firmar para então investir na intensificação”, ressalta Vacari.
O gestor do Imea, Daniel Latorraca, explica que a partir de agosto o pecuarista começou a enxergar o mercado futuro e reviu a estratégia. “Com uma pequena redução dos preços do milho e melhor cotação do boi na Bolsa o produtor decidiu tirar do pasto e confinar o rebanho”.
A evolução da participação dos animais confinados nos abates mato-grossenses foi gradativa, sendo que em julho 9% do total era oriundo de confinamento, em agosto passou para 26%, em setembro 35% e em outubro, dos 318 animais abatidos, 36%, ou 180 mil, estavam confinados.
Com relação ao preço da arroba este ano, devido ao menor volume de confinados no período de entressafra, variou positivamente na reta final, ou seja, nos últimos meses. Entre agosto, setembro e novembro o valor aumentou 8%, passando de cerca de R$ 81 para R$ 88, em média. Entretanto, mesmo com a alta, a arroba não atingiu o patamar de 2011, quando em novembro o valor chegou a R$ 92.
ALTERNATIVA – Com o mercado instável e o preço das commodities agrícolas em alta, os pecuaristas optaram pelo semiconfinamento. A metodologia consiste em complementar a alimentação sem tirar o animal do pasto durante a seca. Assim, o custo é reduzido e o produtor consegue fechar as contas. Vacari afirma que o mecanismo é eficaz e oferece menos riscos. “Como os custos são bem menores do que no confinamento, o pecuarista consegue engordar o boi mesmo na estiagem, suplementando a alimentação com ração no cocho”.
O custo do semiconfinamento é cerca de 30% inferior quando comparado ao sistema exclusivo à base de ração, sendo assim, se um animal confinado custa R$ 5,28 por dia ao pecuarista, o sistema de pasto mais ração sai em média R$ 3,6/dia, “economia que faz diferença na hora de fechar as contas”. (Com assessoria)