O Governo Federal estima emitir até fevereiro de 2013 a ordem de serviço para realização dos estudos de viabilidade técnica e econômica para a hidrovia Teles Pires-Tapajós, em Mato Grosso. O período coincide com o intervalo que os órgãos governamentais acreditam ser necessário para cumprir o ritual de julgamento de propostas das empresas que participam da licitação, a habilitação, análise técnica dos documentos, avaliação do menor preço, fase recursal e habilitação da vencedora do certame. No próximo dia 13 de dezembro, serão abertas as propostas dos EVTEAs.
Em Cuiabá (MT), onde participou do Simpósio sobre Hidrovias, promovido pelo Movimento Pró-Logística, Paulo Roberto Godoy, coordenador de projetos da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, disse que só para este empreendimento estão previstos investimentos na ordem de R$ 15 milhões para formulação do estudo de viabilidade.
A Teles Pires-Tapajós compõe a lista de três projetos hidroviários previstos para Mato Grosso. À relação estão ainda a hidrovia Tocantins-Araguaia e a do Paraguai-Paraná, esta última favorecendo a ligação entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e países como a Bolívia, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Segundo Paulo Roberto Godoy, somente para Mato Grosso a elaboração dos estudos técnicos para apontar a viabilidade técnica vão exigir R$ 30 milhões. Já para o Brasil, cujo total de empreendimentos hidroviários é de nove, estão previstos R$ 81 milhões no orçamento do Governo para o EVTEA. A estimativa é que em até 18 meses sejam concluídas as análises técnicas.
"Mato Grosso é um estado mediterrâneo e como está distante dos centros de exportação precisa rebaixar os custos de transportes. Os produtores são competentes, produzem a custos melhores que de outros países, mas perdem no momento do transportes", declarou o representante do DNIT.
Consideradas estratégicas pelas entidades do setor produtivo, as hidrovias em Mato Grosso vão favorecer o escoamento da produção agrícola e também fomentar a geração de renda em diferentes setores. Por mês, as perdas geradas pelo uso incorreto de modais para longas distâncias nesta unidade federada são calculadas em R$ 1,9 bilhão. Além disso, prevê-se um aumento na rentabilidade do produtor na ordem de R$ 10 por saca.
Atualmente, para escoar a safra agrícola de Sorriso, no médio norte do estado, até o porto de Santos (SP) em um trajeto rodoviário e ferroviário, o produtor rural tem gasto R$ 227,15/tonelada. Pela hidrovia, direcionando sua produção para o porto de Santarém (PA), o custo reduziria para R$ 60,12, apontam cálculos do Movimento Pró-Logística, formado pela união das entidades do setor produtivo mato-grossense.
Diretor-executivo do Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira faz um alerta. Assim como o Brasil, Mato Grosso corre o risco de enfrentar um apagão logístico pela falta de novas opções de modais para garantir o escoamento das safras agrícolas. Se a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) se concretizar, o estado deve produzir acima de 41 milhões de toneladas de grãos. "Mato Grosso está estrangulado. Como iremos escoar nossa safra? As estradas estão saturadas, as ferrovias também", disse.
Já o representante do DNIT diz que a saída é centrar investimentos não apenas em um único modal. "Evidendentemente que a hidrovia por si só não resolve o problema, existe uma logística de transporte e é essa logística que procuramos integrar", defendeu Paulo Roberto Godoy.
No Brasil as hidrovias respondem por 12,37% das operações de cargas e somente em 2011 movimentou 109,2 milhões de toneladas em produtos, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).