Os municípios de Alto Araguaia (Mato Grosso) e São Carlos (Santa Catarina) são os primeiros do país a serem listados pelo Consórcio Antiferrugem com casos positivos de ferrugem asiática na soja. Até esta segunda-feira (12) eram duas ocorrências no Brasil, ambas em plantas guaxas remanescentes da safra anterior e localizadas às margens de rodovias.
A doença representa um risco à lavoura porque além dos danos à planta é sinal de prejuízos aos agricultores. Em Mato Grosso a semeadura da safra 2012/13 em uma área de 7,5 milhões de hectares já entra na reta final e o alerta é para que o produtor acompanhe o desenvolvimento das lavouras.
O material com diagnóstico positivo da doença foi coletado durante uma série de fiscalizações realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Responsável pela análise, Wanderlei Dias Guerra, coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Mapa, lembra que a planta com a doença encontrava-se no estágio R6, quando já produziu grão.
Colhida no último dia 24 de outubro a amostra foi encaminhada ao laboratório de fitopatologia da Universidade Federal de Mato Grosso, onde simulada a condição ideal (umidade), acusou o problema. Em Mato Grosso, os agentes de sanidade vegetal e mesmo as entidades do setor consideravam a possibilidade de uma infestação precoce da doença, resultado dos sinais manifestados desde o início do período do vazio sanitário: o excesso de esporos da ferrugem presentes nas plantas guaxas.
"A planta guaxa é mais velha e suscetível à ferrugem e por isso mantemos o monitoramento", considerou Dias Guerra ao Agrodebate. De acordo com o coordenador, pelo menos 80% das plantas que nasceram às margens das estradas durante o período de proibição ao plantio (15 de junho a 15 de setembro) eram portadoras da ferrugem asiática.
Outras amostras colhidas pelo Mapa ainda são avaliadas. "Se houver condição de umidade a ferrugem pode se agravar", frisou ainda o coordenador.
Mesmo com o atraso nas chuvas verificado em algumas regiões, a tendência é que o clima se torne favorável à doença na safra, acrescenta ainda a pesquisa Claudine Seixas, da Embrapa Soja.
"A maior presença dessas plantas pode ter contribuído para manter vivo o fungo durante a entressafra e, consequentemente, pode ampliar a pressão da doença na safra atual", considerou. Além disso, o aumento do número de autuações decorrentes de presença de soja guaxa durante o período de vazio sanitário, também chamou atenção em 2012.
Somente em Mato Grosso foram penalizados 41 produtores no vazio sanitário deste ano, durante ações de fiscalização realizadas em 2.818 propriedades. O número de multados representou um crescimento de 36% frente aos números registrados no ano passado (30).
As três orientações
O primeiro consiste em o produtor monitorar sua lavoura, sabendo qual estágio encontra-se o desenvolvimento da cultura. "Se já começou a fase reprodutiva, a floração, por exemplo, precisa estar atento, sobretudo se a região for de risco", alertou Wanderlei Dias Guerra.
O segundo passo leva em conta o risco apresentado pela própria região. Ou seja, se está inclusa nas zonas de risco mapeadas pelo Mapa quanto à proliferação da doença. Já o terceiro leva em conta a condição meteorológica, ou seja, a presença de chuva, elemento favorável.
A cultura precoce
Além dos cuidados, o coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal diz ser preciso redobrar a atenção, a exemplo dos produtores de soja de ciclo precoce, consequentemente os primeiros a colherem a oleaginosa.
"Em caso de o produtor encontrar a ferrugem em sua área, mesmo após dessecada, que ele ainda faça uma segunda ou terceira aplicação", ponderou o representante Guerra.
Tanto Ministério da Agricultura quanto o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea) vão acompanhar as lavouras e receberão denúncias de casos que mantenham vivo o risco de proliferação da ferrugem. Um canal foi aberto e as informações podem ser enviadas por técnicos ou produtores para o endereço eletrônico wanderlei.dias@agricultura.gov.br.