O clima, em Mato Grosso, marcado pela pontualidade das chuvas em algumas regiões e da ausência das precipitações em outras, começa a interferir no plantio da nova safra de soja, ciclo 2012/13, e deixa algumas localidades com ritmo de semeadura aquém do observado em igual período do ano passado. Nesta comparação, o compasso atual está quase 8 pontos percentuais (p.p.) inferior ao registrado na reta final de outubro de 2011 e já provoca a necessidade de replantio em propriedades de Diamantino (200 quilômetros ao norte de Cuiabá) e Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), município este último que abriu o calendário agrícola 12/13, no Estado.
Dos mais de 7,89 milhões de hectares projetados para serem cobertos, 3,96 milhões estão cultivados, o que equivale a 50,3% da área. Em igual momento do ano passado, a estimativa que apontava uma área 11,6% menor, tinha mais de 58% semeados, o que na comparação anual revela atraso de 7,7 p.p.
Como resume o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em seu Boletim Semanal da Soja, divulgado ontem, “o ritmo das chuvas, em Mato Grosso, não está acompanhando o mesmo ritmo do plantio, que avança semanalmente e, no pior dos casos, desacelera, mas não para”.
Como explica o analista de Grãos do Imea, Cleber Noronha, o clima está seco, mas uma chuva é suficiente para que os trabalhos sejam retomados e ou suficiente para a planta aguentar por mais uma semana, sem prejuízos ao seu desenvolvimento. “As variedades utilizadas em cultivos precoces são mais resistentes à seca”. Em uma avaliação mais agronômica do momento, Noronha acredita que a seca pontual pode contribuir para o incremento de produção das plantas. “Ao criar uma estrutura de maior resistência, a planta acaba produzindo mais”.
O analista de Grãos do Imea, Cleber Noronha, explica que as áreas de replantio são ainda pequenas porções e que ainda não há como quantificar essa necessidade pelo Estado. Ele acredita que o clima das próximas duas semanas será decisivo para se avaliar o real impacto da seca. “A partir deste prazo será possível um diagnóstico da safra. Por hora o que constatamos é que o plantio caminha bem onde chove, como no médio norte, e coloca o pé no freio onde não há a mesma oferta hídrica. Em resumo, comparando as médias de ritmo de semeadura das safras passadas não existem perdas, no entanto, o que há neste momento, é uma região sustentando a outra e camuflando um pouco o balanço geral do plantio”. Como destaca, se a seca persistir nas primeiras semanas de novembro, a safra entra em estado de alerta e “o Imea estará levantando a situação para aferir reais impactos”.
BOLETIM – Como destaca o Boletim, o volume de precipitação está abaixo da média segundo a Somar Meteorologia e a região com menor acúmulo de água no solo é a oeste, justamente, a que deu o start da nova safra no Estado. Consequentemente a região oeste é a mais atrasada no plantio, se comparado com o realizado no mesmo período da safra passada, pois, se contar de seu início, com seis semanas de plantio conseguiu cobrir 45,2% da área estimada, enquanto que na temporada 2011/12 tinham sido concluídos 61,9%, 16,7 p.p. a mais.
A segunda região com menor percentual de plantio em relação ao mesmo período da safra passada é a nordeste que, com 11,7% da área semeada, encontra-se com 11,8 p.p. de desvantagem. Contrapondo a situação, a região sudeste conseguiu se adiantar frente à temporada passada, atingindo 54% da área semeada e ultrapassando o percentual de 53,8% realizado no mesmo período da safra 2011/12, muito influenciada por Campo Verde e Primavera do Leste, que estão aproveitando as condições climáticas positivas para adiantar as atividades.
De acordo com dados previstos pela Somar Meteorologia, as chuvas mais intensas que incidirão sobre o Estado devem ocorrer entre os dias 4 e 10 de novembro. Nesta semana estima-se que as chuvas aumentem nas praças de Rondonópolis, Sorriso e Campo Novo. Como a maior parte da área destinada ao plantio já estará semeada, essas chuvas serão positivas e são consideradas como suprimento para o desenvolvimento das lavouras. “Espera-se que o volume de chuva diminua gradualmente nas semanas seguintes, e que seja pouco expressiva entre os dias 18 e 22 de novembro”.