Cuiabano gasta R$ 321,05 para comprar uma cesta básica composta por 13 itens. Carnes são responsáveis por 30% desse custo, seguido pelo tomate (15%), pão francês (14%) e arroz (9%). Levantamento foi feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), usando a metodologia do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese). Com base no estudo, seriam necessárias 113 horas e 34 minutos de trabalho para alimentar uma família que recebe 1 salário mínimo, média mais elevada do que a registrada em São Paulo (109h19m), Brasília (99h42m) e Goiânia (88h28m), cujos índices foram calculados pelo Dieese.
Durante a pesquisa semanal de cotação de preços, iniciada em fevereiro e calculada até setembro, os alimentos que tiveram maior variação foram o tomate, o arroz e a batata, registrando alta de 47%, 42% e 27%, respectivamente. Superintendente do Imea, Otávio Celidonio, explica que a queda na produção de arroz em Mato Grosso foi uma das razões para o aumento do custo desse alimento no orçamento familiar. Diferentemente do tomate e de outros produtos hortifrutigranjeiros, cuja maioria é importada.
Cristiano Pereira Lima, 24, sabe bem disso. Sentiu no bolso o impacto do aumento nas verduras e hortaliças. “Só o sal é barato. O tomate encareceu muito esses tempos”, diz o taxista, que gosta de um bom prato de salada nas refeições. Nem mesmo as tradicionais promoções semanais amenizam o gasto, já que Cristiano não compra para estocar, justamente por serem alimentos perecíveis. Saída é substituir as folhagens de vez em quando e reduzir a variedade da salada no prato. “Esse é um desafio para a setor rural, produzir alimentos tradicionalmente importados”, afirma o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, ao destacar que a logística também encarece o processo e precisa ser melhorada, inevitavelmente e com rapidez”. A Famato já faz o acompanhamento do preço da carne bovina. Entretanto, no novo indicador também são levantados os custos da carne suína, de aves e peixes.
Apesar de representar a maior fatia de gastos do consumidor, em 8 meses, houve queda de 1% na média de preço de todas elas juntas. Segundo o superintendente do Imea, o fato é explicado pelo ciclo da pecuária, que alterna entre o crescimento da oferta de gado para o abate, derrubando os preços e a remuneração do produtor; e a baixa do abate, que provoca um novo investimento em bezerros. “Quando eles começam a ficar prontos (etapa atual), o mercado fica ruim”.
Outros alimentos também compõem a “ração essencial”, como os laticínios, o café, a farinha, o óleo e a manteiga. Dessa lista, a banana teve a maior variação negativa no valor, ficando 19% mais barata no intervalo de fevereiro a setembro. O feijão (-8%) e o açúcar (-5%) aparecem em 2º e 3º lugares. Dona de casa Maria de Lurdes Silva, 39, percebeu a redução, que fez alguma diferença. Separada há 3 anos, ela sustenta um casal de filhos com o dinheiro da venda de artesanato. Como o lucro é incerto no fim do mês, Maria de Lurdes economiza ao máximo, pesquisando bons preços em todas as gôndolas possíveis. “Prefiro andar bastante, gastar sola de sapato, a pagar caro e gastar meu dinheirinho. Só eu sei o quanto custa juntá-lo todo mês”.
Valor da cesta – De fevereiro a setembro, o preço da cesta em Cuiabá teve alta de 7,6%, saltando de R$ 298,5 no primeiro mês da pesquisa para R$ 321,05. Em agosto foi registrada a cesta mais cara desse período, R$ 323,3. A Capital mato-grossense tem ainda a cesta mais alta dentre os estados de São Paulo (R$ 309,08), Brasília (R$ 298,39) e Goiânia (R$ 258,20).