Por Onofre Ribeiro
Tenho viajado muito pelos municípios de Mato Grosso e constatado muitos fatos que precisam ser discutidos: logística, clima, infraestrutura, desenvolvimento, lideranças representativas e políticas e a gestão moderníssima de empresas rurais e industriais, convivendo com exemplos de dolorosa gestão pública, porém, em meio a exemplos de alguns municípios com gestão eficiente e capaz.
Por isso, gostaria de iniciar uma série de artigos abordando essas questões.
Porém, não é possível discutir nada disso, se não olharmos um pouco mais pra frente e para o futuro de Mato Grosso frente às conjunturas mundiais. Não dá mais pra pensar num estado isolado no interior do Brasil.
Somos um estado globalizado e com relações comerciais de importação e de exportação com o mundo árabe, países da União Europeia, China e países da América do Sul e, numa proporção menor, com os Estados Unidos.
A recente crise financeira mundial, a inserção fortíssima da China mos mercados mundiais comprando e vendendo, fazem do Brasil um excelente cenário para investimentos de todas as naturezas.
Mas quero ater-me ao Centro-Oeste e a Mato Grosso no aspecto de produção de proteínas vegetais e animais, a sua transformação industrial e os inevitáveis desdobramentos em economia de serviços como suporte.
Informações entregues aos candidatos presidenciáveis em agosto de 2010, diziam que no planejamento para o setor de alimentos, de 2010 a 2020, estima-se que o Brasil deverá produzir 50% dos alimentos que serão consumidos pelo mundo.
Desse cenário, estima-se que o Centro-Oeste produza 60% e Mato Grosso algo como 50%. É muita coisa!
Isso implica necessariamente em imaginar grandes investimentos na região nas áreas de produção, de introdução de novas tecnologias, de novos negócios, de ampliação inevitável da logística e na construção de uma nova civilização econômica.
Uma leitura superficial desses cenários, implica em algumas perguntas que ouso deixar neste primeiro artigo, pensando em Mato Grosso:
1 – nós temos preparo empresarial para lidar com esses cenários?
2 – temos preparo de gestão empresarial?
3 – temos preparo na gestão pública, justamente a pior entre todos os cenários?
4 – temos instituições representativas dos setores produtivos, capazes de ocuparem a liderança institucional diante de impasses e de desafios que virão?
5 – temos lideranças políticas capazes de conduzir discussões, de defender posições e de representar as instituições, as empresas e os empresários, a economia e a autonomia de Mato Grosso?
6 – temos consciência de que toda a sociedade e a economia de Mato Grosso sofrerão imensos impactos com esses cenários de transformação?
7 – as gestões municipais, exceção de algumas poucas eficientes e comprometidas com a sociedade e com o estado, estarão preparadas para o futuro próximo?
O assunto continua na próxima quarta-feira.
*ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso