Perante a iminência de um conflito armado entre produtores rurais e índios xavantes, a presidente Dilma Rousseff determinou a suspensão de todas as operações e a retirada do Exército Brasileiro e da Força Nacional de Segurança da área demarcada como terra indígena Marãiwatsédé, onde moram cerca de sete mil não-índios há pelo menos duas décadas.
A Justiça Federal determinou em primeiro e segundo graus pela desocupação da área por parte dos não-índios e, na primeira quinzena de agosto, o juiz federal Julier Sebastião expediu uma decisão decretando o prazo de até o dia 30 de setembro para ocorrer uma desocupação voluntária.
Depois dessa data, a Força Nacional e o Exército deveriam executar o despejo forçado. Para tal, essas duas instituições de segurança já estavam no local, preparando uma base de operações para dar inicio as operações, conforme previsto em um plano de desintrusão formulado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
A decisão de suspender as operações foi anunciada pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, em reunião com representantes da Associação de Produtores Rurais da Suiá-Missu (Aprosum) realizada na manhã de ontem, segundo informou o produtor Renato Teodoro, presidente da associação. Também participaram da reunião o advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Adams, outros representantes do Executivo Federal e vários membros da bancada federal de Mato Grosso.
Essa é a primeira intervenção do Executivo Federal no caso – e a reunião de ontem foi a primeira entre a Presidência e os produtores. Para forçar a agenda, os moradores do distrito de Nova Suiá, onde fica o povoado Posto da Mata, que pertence a São Félix do Araguaia (1077 quilômetros de Cuiabá), fecharam a BR- 158 desde a semana passada. Além disso, cerca de 300 mulheres e crianças foram a Brasília para protestar em frente ao Palácio do Planalto contra a decisão judicial de despejo dos não-índios.
Tanto nos protestos na rodovia, quanto em Brasília, os moradores de Nova Suiá, cujo nome oficial é Distrito Estrela do Araguaia, afirmam que só saem mortos daquela área. A tensão na região do conflito é grande e aumentava a cada dia de operações do Exército e da Força Nacional.