Confinamento de bovinos em Mato Grosso neste ano deve totalizar 740,422 mil animais, representando uma redução de 20,4% em comparação com o número apurado no 1º levantamento de intenção, divulgado em abril pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), quando foi projetado o confinamento de 929,942 mil bovinos no Estado. Em comparação com os resultados apontados em diagnóstico semelhante concluído em julho de 2011, de um total 813,947 mil animais confinados, a redução no rebanho alcança 9% em 2012, sendo a maior queda desde 2005 e superior inclusive à retração registrada em 2010 (7,08%), conforme dados do 2º levantamento, divulgado nesta terça-feira (14) pela Acrimat. Naquele ano, o rebanho confinado correspondeu a 592,8 mil animais, contra 638 mil em 2009.
Apesar de o 1º levantamento realizado há 3 meses indicar um incremento de 19% no confinamento de bovinos em Mato Grosso, o encarecimento da ração animal e a queda no preço da arroba do gado influenciou muitos pecuaristas a desistirem da engorda intensiva dos animais. Além disso, o prolongamento das chuvas até o mês de junho garantiu pastagens melhores, possibilitando a engorda a pasto, explica o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
Na pesquisa realizada em julho em 7 regiões do Estado, apenas a Oeste deve apresentar crescimento, de 6,3%, no rebanho confinado, estimado em 17,041 mil cabeças, comparativamente com igual período de 2011, quando foram 159,905 mil/cabeças. Mas, em relação à sondagem concluída em abril, foi confirmada retração de 19,5% na quantidade de animais sob confinamento na região, que até então correspondia a 211,160 mil cabeças.
Responsável por coordenar o estudo, o analista do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, detalha que o crescimento no confinamento no Oeste do Estado é sustentado por grandes indústrias frigoríficas, a exemplo da Brasil Foods (BRF) e Marfrig. “Elas mantêm a engorda para abate próprio”. Para Latorraca, como a região é responsável por uma significativa produção de grãos, foi possível aos confinadores garantir estoque de milho e soja antes da valorização das commodities.
Maior redução no rebanho confinado neste ano é apontada para a região Nordeste, tanto no comparativo com 2011 (-38,8%) quanto em relação a abril de 2012 (-38,9%). Intenção revelada pelos pecuaristas em julho é de confinar 90,426 mil bovinos, ante os 147,790 mil anunciados em julho de 2011 e os 147,940 mil divulgados em abril.
Superintendente da Acrimat acrescenta mais elemento contrário à decisão de confinamento dos produtores da região: a concentração do abate bovino. “Foi a região que mais sofreu com a morte de pastagens e isso indicava um crescimento no confinamento, mas além do custo ter aumentado, os preços (da arroba) reduziram e os pecuaristas se perguntavam para quem iriam vender”.
De acordo com a Acrimat, as 5 unidades frigoríficas existentes na região pertencem ao grupo JBS/Friboi. Zootecnista da Estância Bahia, Reginaldo Meira Fernandes, confirma que esses elementos influenciaram na redução de 30% do rebanho confinado em 2012 na propriedade localizada em Água Boa. “No ano passado confinamos 36 mil animais e neste ano vamos confinar 25,5 mil”.