A greve dos fiscais federais agropecuários, categoria que é ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já começa a impactar o agronegócio em Mato Grosso.
No Estado, alguns frigoríficos devem suspender os abates nos próximos dias caso a paralisação se estenda por mais tempo. Segundo representantes do setor de frigoríficos em Mato Grosso, apenas 30% dos 80 fiscais federais no Estado estão trabalhando, o que tem dificultado o trabalho dentro das unidades e provocado o acúmulo de mercadorias. Para representantes da cadeia de carnes do Estado, o protesto em breve impactará os produtores que já vivenciam um período crítico em função de algumas restrições comerciais.
Segundo o sócio-proprietário do frigorífico Poli-Nutri em Mato Grosso, Paulo Lucion, as unidades frigoríficas regionais (38 no total) podem diminuir os abates durante os próximos dias em função da greve. Ele explica que as cargas, que antes eram despachadas quantas vezes fosse preciso durante um dia, hoje só acontece uma vez ao dia. “O fiscal só assina o despache uma vez ao dia. Portanto, se você termina de carregar e ele já assinou, você só consegue mandar a carga no próximo dia”, explica.
Setores Afetados
Com a mobilização dos fiscais, ficam prejudicados serviços que estão ligados à inspeção de carne ao mercado externo, importações e exportações, além de autorizações para importação de fertilizantes, agrotóxicos, e demais atribuições ligadas à área sanitária. Conforme Lucion, além das exportações, um outro problema é sobre a questão de rótulos que esperam a aprovação dos fiscais. Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a falta de entendimento entre governo e fiscais agropecuários pode prejudicar a ‘imagem’ do Brasil perante o mercado mundial de carnes, além de acarretar graves prejuízos a cadeia de carne. “Temos uma cadeia que movimenta bilhões de reais por ano, mas que está totalmente refém dessas situações pontuais. Essa questão precisa ser resolvida pelo governo, pois trará prejuízos para toda a cadeia”, avaliou o superintendente. Só em junho as exportação da carne suína e bovina in natura do Estado somaram US$ 63,529 milhões.
Servidores – Segundo o Sindicato da categoria (Anffa Sindical), no país são 3,2 profissionais para realização de serviços ligados à garantia da segurança alimentar desde o campo até o consumidor final. Em Mato Grosso, de acordo são 80 servidores. De acordo com o delegado sindical Nilo Silva Nascimento, representante da categoria no Estado, a categoria reivindica ajustes salarial e contratação de mais profissionais para a execução dos serviços, pois o número é insuficiente para atender a demanda. Conforme o representante, seriam necessários mais 80 profissionais. A categoria engloba servidores de diferentes áreas como engenheiros agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas e demais.