A Fundação MT e a Tropical Melhoramento e Genética (TMG), empresas 100% mato-grossenses, se preparam para lançar aos sojicultores, na safra 2013/14, uma nova geração da tecnologia Inox. A cultivar focada em pragas e doenças será a primeira em versão precoce a ser ofertada sob a patente Inox. A nova Inox, que se mantém resistente à ferrugem asiática da soja, agregará tecnologias para atender o produtor mato-grossense. A terceira geração vai ofertar também resistência ao nematóide de cisto, à ferrugem e será a primeira Inox de ciclo curto, ou seja, uma variedade precoce, o que vai possibilitar as várias regiões do Estado a realização da segunda safra, logo após a colheita da soja.
A ferrugem atualmente está presente em todas as lavouras do Estado e o nematoide, seja ele de lesão, de cisto ou outras raças, pode ser encontrado em 90% da área plantada.
Quando chegou ao mercado na safra 2009/10, a soja Inox passou a ser marco da revolução tecnológica aplicada à cultura já feita no Estado, que detém a maior produção da oleaginosa no país e já responde por 9,2% da oferta mundial do grão. A variedade passou da etapa de melhoramento genético – cruzamento entre plantas – para atingir a fase da transgenia (inserção de genes de espécies diferentes).
A Inox é tida como orgulho mato-grossense por ser uma cultivar inédita e que chegou ao mercado em tempo recorde, menos da metade do período estimado para pesquisas deste segmento que podem levar até 15 anos para chegar ao mercado. Desde que a ferrugem – doença que reduz a produtividade, aumenta o custo de produção do produtor e traz muita apreensão a cada safra – entrou no Estado, por Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) e trouxe sérios prejuízos à safra 2003/04. Em cerca de cinco anos a Fundação MT e a TMG apresentaram ao sojicultor uma semente resistente ao fungo Phakopsora pachyrhizi.
Como explica o supervisor de Desenvolvimento de Mercado em Mato Grosso da TMG, Adalberto Basso, o trabalho de melhoramento genético começou em 2003, atendendo ao pleito dos produtores, e na safra 2009/10 duas variedades convencionais da Inox foram lançadas, a TMG 801 e a TMG 803, a primeira utilizada em grande escala no Estado e a segunda, na Bahia, ambas fruto de cruzamento entre plantas. Na safra seguinte, 2010/11, foi lançada a variedade TMG 7188 RR, a Inox transgênica que trouxe embutido a tecnologia de herbicidas mais a resistência à ferrugem.
NO CAMPO – A safra 2011/12 foi a segunda da Inox RR e, conforme Basso, a produtividade foi excelente, justamente em uma temporada em que a ferrugem eliminou do saldo estadual 830 mil toneladas e tirou cerca de R$ 1 bilhão da economia mato-grossense pelo grão que não foi comercializado. A 7188 gerou rendimento médio de 60 sacas por hectare, ante cerca de 52 sacas de média do Estado.
Em função dos resultados comprovados a campo e com a perspectiva de uma safra com maiores dificuldades em relação à ferrugem, a procura pela TMG 7188 aumentou 15% para 2012/13, em relação à safra atual. Conforme Basso, a remuneração deste ciclo possibilitou um planejamento antecipado da nova safra por parte do produtor e as compras de fato começaram mais cedo. “Noventa por cento da semente está comercializado e em agosto iniciaremos a entrega”.
O novo ciclo será regido pelo El Niño, fenômeno meteorológico que traz a chuva mais cedo, proporcionando um clima favorável à cultura, mas tudo isso também beneficia a ferrugem. “A soja guaxa (germinação espontânea da soja) deverá se multiplicar com mais facilidade e por isso é imprescindível respeitar a orientação agronômica e investir na proteção da lavoura”, aconselha.
Sobre a Inox, Basso lembra que a tecnologia não “faz milagre” e que mesmo sendo resistente, são necessárias até duas aplicações de fungicidas, metade do mínimo que se faz no Estado em temporadas de forte incidência da doença. “E quando o cuidado não é respeitado, a tecnologia embutida no grão pode ser quebrada. O que muitos não prestam atenção é que mesmo focada na ferrugem ela ajuda a controlar outras doenças, como, por exemplo, a mancha-alvo”.
Sobre valores, Basso frisa que o custo da 7188, por exemplo, é cerca de 2% a 3% acima do que se paga para uma variedade convencional. “Quem fez o manejo correto dela nesta safra colheu até 16 sacas a mais, que em valores atuais implica em quase R$ 600 a mais de receita por hectare”.
BRECHA – O executivo frisa que Mato Grosso abraçou a TGM 7188 porque ela se adaptou muito bem e se mostrou produtiva. No entanto ficava ainda no mercado uma lacuna a ser preenchida, já que a tecnologia 7188, de 125 dias, é considerada uma variedade de ciclo longo e por isso um entrave para produtores localizados ao médio norte e oeste do Estado que realizam anualmente duas safras em um mesmo ciclo. E a terceira geração chega para completar o portfólio 100% criado e adaptado ao Estado, atendendo mais uma vez necessidades locais.
DEMANDA – Basso destaca que toda a pesquisa é feita para atender à demanda do mercado e ouvindo o produtor. “Com o foco de solucionar os problemas com pragas e doenças e também possibilitar a realização da segunda safra é que nasceram os experimentos para uma nova geração da Inox”. Como acrescenta, a ferrugem está presente em todo o Estado e 90% das lavouras sofrem com alguma.