A preocupação dos produtores de Mato Grosso vai além da logística de escoamento da produção estadual. Com o aumento de 87,5% na produção de milho no Estado, o processo de estocagem do grão pode estar comprometido. Considerando uma safra recorde de 13,1 milhões de toneladas na safra 2011/2013 – que correm o risco de alcançar 15 milhões (t) até o fim da colheita -a capacidade de armazenagem do grão passa a ser um desafio. Apesar de mais de 55% da safra já ter sido comercializada, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em algumas regiões os agricultores temem faltar espaço para estocar a safra atual e ainda comprometer a próxima safra de soja. A supersafra ocupa 2,5 milhões de hectares no Estado, a maior área de todos os tempos, 43% superior a do ano passado. Não se sabe precisar qual a capacidade de estocagem atual do milho.
Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, os produtores estão vivendo um impasses de números. “Ninguém sabe ao certo qual será a produção estadual dessa safra. Os números são uma incógnita. E mesmo que sejam apenas os 13 milhões (t) da última estimativa, os produtores correm sério risco de não ter onde armazenar o grão, uma vez que ainda existe soja em alguns armazéns”, pontua.
Céu Aberto
Das 13,1 milhões de toneladas previstas, ainda restam cerca de 6 milhões a ser comercializados, sem contar com o aumento esperado por algumas entidades, que pode chegar a 15 milhões de toneladas. Com esses números nunca vistos antes em Mato Grosso para a safra de milho, o grão pode ficar estocado a céu aberto. “Caso essa safra se confirme, não haverá armazéns disponíveis”, afirma Galvan.
Segundo Galvan caso o governo não invista rápido, os produtores correm o risco de ficar na mão, uma vez que o preço da saca de 60kg chegou a R$ 13 essa semana. “A safra é recorde e os preços são baixos. O produtor não vai vender porque não paga nem os custos e o milho ficará estocado, correndo o risco de comprometer até mesmo a próxima safra de soja”, explica.
Ações- Essa semana produtores e representantes de entidades do setor no Estado estiveram em Brasília para uma reunião com o ministro da agricultura. O setor cobrou uma ação do governo para a situação estadual em relação aos preços. Na audiência ficou acertado subvenção do governo para leilões de PEP de escoamento do milho de Mato Grosso para outras regiões do país, com a finalidade de abastecer o mercado interno.
Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Nelson Piccoli, caso o governo auxilie o Estado nessa safra, os produtores não correrão o risco de faltar armazéns para estocar o milho. “Uma vez que 55% da safra já foi comercializada e a quase toda a soja estocada já foi vendida, se o governo colaborar não teremos problemas com estocagem do grão”, conclui.