O período proibitivo para o plantio da soja, conhecido como Vazio Sanitário, em Mato Grosso tem início no próximo dia 15 de junho. Durante 90 dias a existência da planta nas lavouras estará proibida, podendo o produtor ser multado se esta for encontrada. O período tem por objetivo reduzir a sobrevivência do fungo “Phakopsora pachyrhizi”, causador da ferrugem asiática da soja evitando assim ataques precoces da doença na safra. Na safra 2011/2012 o Estado teve quebra de 830 mil toneladas ocasionadas pela doença.
Produtores chegaram a desembolsar R$ 315 milhões com uma aplicação a mais do fungicida. O temor do segmento é com a “soja guaxa” que nasce voluntariamente nas lavouras e ao longo das rodovias após caírem dos maquinários e caminhões. O vazio sanitário foi adotado em 2006 em 12 estados brasileiros, incluindo Mato Grosso. Também realizam o vazio sanitário os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná, Bahia, Rondônia, Maranhão e Pará. Conforme o coordenador da Gestão de Produção da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Naildo Lopes, o vazio é fundamental porque é nele que se elimina qualquer planta da soja para que os esporos da ferrugem asiática não se alastrem na próxima safra. O gerente técnico da Aprosoja-MT, Nery Ribas, comenta que a preocupação maior do setor é a “soja guaxa”. “É aquela soja que se perde durante o transporte rodoviário e até mesmo nas lavouras. Ela nasce voluntariamente durante o ano. Como a ferrugem gosta da folha verde, esta soja acaba tornando sua hospedeira”. Ribas comenta de 3% a 4% da produção se perde na lavoura durante a colheita e com a regulagem de máquinas.
Questionados sobre a soja que se perde no transporte nas rodovias, Lopes e Ribas comentam que Aprosoja-MT está iniciando uma pesquisa para averiguar o quanto da produção cai dos caminhões. Lopes comenta ainda que em relação à soja que se desenvolve na beira das rodovias já está sendo montada uma comissão na Aprosoja-MT para que o setor possa sentar com os governos federal e do Estado para definirem um meio de eliminar essa planta.
Segundo o gerente técnico da Aprosoja-MT, a fiscalização será realizada pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea). “Além disso, a Aprosoja-MT, juntamente com o Ministério da Agricultura, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e outras entidades, também estará acompanhando de perto os trabalhos”, diz Ribas. O descumprimento do vazio sanitário pode levar o produtor a penalização, conforme a Instrução Normativa Indea/MT nº 001/2008.
Perdas
Na safra 2011/2012 Mato Grosso chegou a ter quebra de 830 mil toneladas tendo a ferrugem como principal vilão, levando os produtores a terem um prejuízo R$ 915 milhões, dos quais R$ 315 milhões são referentes ao aumento do custo de produção com o incremento de uma aplicação a mais de fungicida nas lavouras. Das 608 amostras colhidas na safra 2011/2012, 59 deram positivo para ferrugem asiática e 549 negativo. Na safra 2010/2011 foram analisadas 1.904 amostras, sendo 50 positivas e 1.854 negativas. Segundo a Aprosoja-MT, o normal é a realização de 2,5 a 2,7 aplicações de fungicidas por hectare, porém nesta safra foram 3,5 aplicações. Cada aplicação custo em média R$ 45 por hectare.