O Nordeste de Mato Grosso é a mais prejudicada com a paralisação dos frigoríficos. A região, que deveria abater 4.755 mil animais em cinco unidades frigoríficas deixou de utilizar 64% de sua capacidade devido ao fechamento de três plantas, abatendo apenas 1,7 mil cabeças. O crescimento descontrolado no número de empresas no início dessa década provocou ociosidade em relação ao volume de abates. Além disso, a crise internacional contribuiu para o encerramento da atividade nos frigoríficos.
O superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidônio, explica que esse problema não foi concentrado. "Todas as regiões do estado foram afetadas. Mas o Nordeste está sofrendo mais com os resultados". Em todo o estado a capacidade instalada de abates é de 38,457 mil em 39 empresas, mas atualmente estão em operação apenas 27 unidades que juntas conseguem abater 30,802 mil animais.
Segundo ele, outro problema é a concentração das empresas que conseguiram aproveitar o momento de crise para promover expansão dentro do estado. "Alguns grupos frigoríficos compraram outras empresas que não conseguiram sair dos problemas financeiros". O JBS/Friboi, por exemplo, de acordo com acompanhamento do Imea, de 2008 para 2009, adquiriu empresas aumentando de quatro para 11 unidades.
A participação na capacidade de abates aumentou de 14% para 34%, ou seja, de 4.737 para 12,266. Além disso, o grupo passou de segundo para o primeiro lugar no ranking nacional de empresas do setor. De 2009 para 2012, o JBS adquiriu outras unidades chegando ao total de 18,363 abates, que representam 48% do total previsto para o estado. A empresa se mantem na liderança de forma isolada. Essa concentração, segundo o representante do Imea, fez pressão sob os preços.
Para o diretor presidente do JBS, Renato Mauro Costa, a concentração pode ser vista como algo benéfico, já que o produtor consegue ter respaldo de pelos menos uma empresa para abater o seu rebanho. Ele explica que o grupo se expandiu com apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) atendendo todo o critério que o banco apresenta para a conceder financiamentos. O setor produtivo rural pontua que, nos próximos anos, a oferta de gado deve crescer no estado. A solução, de acordo os produtores, é ampliar a demanda abrindo novos mercados.