A redução da meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China para 7,5% em 2012 deve ter pouca influência sobre o mercado da soja, pelo menos num primeiro momento. O país asiático é o maior importador mundial da oleaginosa, mas não deve alterar suas perspectivas de compras no curto prazo porque a soja é matéria-prima para ração, e portanto um produto de alimentação básico, de acordo com Daniele Siqueira, analista da AgRural.
"O primeiro impacto deve ser sobre produtos ligados mais ao setor industrial, como o algodão. Em relação aos preços na bolsa de Chicago (CBOT), pode haver algum efeito psicológico, mas uma grande queda por causa disso, não", disse.
No ano passado, os chineses compraram 65% da produção de grãos de Mato Grosso, Estado líder no plantio de soja no país. Entre os blocos econômicos importadores, a Ásia teve representação de 51,05% nas exportações mato-grossenses, alcançando a cifra de US$ 5,66 bilhões. A estimativa do setor produtivo é que em 2012 haja um incremento de ao menos 5% nos envios de soja para o continente, devido à quebra de safra no Sul brasileiro, da Argentina e Estados Unidos.
A analista lembra que em 2011 a China importou 3,9% menos do que em 2010, de acordo com a Administração Geral Alfandegária, e que isso aconteceu não apenas pelo cenário de desaceleração econômica no país, mas também por margens negativas da indústria esmagadora e porque o governo reduziu o crédito para tentar segurar a inflação.
"E como eles já tinham estoques altos, havia margem de manobra para importar menos", disse Daniele. "Mas temos percebido que a China começa a estabilizar as importações de soja, até porque não dá para crescer o tempo todo como vinha crescendo".