Por Amado de Oliveira Filho
Além de eleições municipais o ano de 2012 traz outro tema recorrente, o sobe e desce da produção agropecuária. De fato, assim como as eleições municipais a produção agropecuária é de elevada importância já que é responsável pela produção de proteínas animais e vegetais para a alimentação de toda a sociedade e, em todo o mundo.
O clima político nas cidades polos em Mato Grosso continua ameno, porém o clima para a produção agropecuária tem se mostrado decisivo, especialmente sob a ótica do fator produtividade. Já é sabido que a produção de soja e milho na região sul do Brasil está seriamente comprometida e, oferecerá reflexos sobre a quantidade produzida no Brasil, que, por conseguinte, afetarão os preços destas importantes culturas.
Por outro lado, este mesmo fenômeno climático, anulará a possibilidade de aumento de produção de soja via aumento de área de quase 2% em todo o Brasil, atingindo inclusive a produção de Mato Grosso. Mesmo assim, os sojicultores mato-grossenses serão menos atingidos pela irregularidade das chuvas e, deverão obter maior renda por unidade produzida em relação às safras anteriores.
Destarte, não é isto que alegra os produtores. A torcida do setor é sempre por uma excelente produtividade em toda a Nação, mesmo porque, qualquer mexida nos preços da soja, nada garante que isto termine nos seus bolsos, pois as condições das estradas nas regiões produtoras tendem a elevar extraordinariamente os custos com fretes. Qualquer aumento nos preços dos produtos agrícolas reflete na mesma ordem em aumento de preços dos fretes. Faltam estradas, este é um custo que Mato Grosso já não precisa ter!
A produção de arroz também será fortemente atingida no Brasil em função de o Estado do Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz no país, não dispor de água para sua produção. A situação é caótica e, levou ao desespero o Prefeito do Município de São Leopoldo que propôs a proibição da produção de arroz na Bacia do Rio dos Sinos.
Da mesma forma, a produção de verão de milho será impactada, já que a produção desta cultura no Estado do Paraná, o maior produtor de milho do Brasil, está seriamente comprometida. Assim, em Mato Grosso teremos certamente uma grande produção de milho de 2ª safra, mas, mesmo assim, a redução de oferta será grande e impactará negativamente a produção de rações.
Desta forma, a produção pecuária, através de confinamentos, perderá seu norte de rentabilidade o que, desde já, nos indica uma forte redução de oferta de carnes no segundo semestre de 2012. Portanto, os preços das carnes tanto de origem bovina como de aves serão fortemente elevados no segundo semestre. Nesse sentido, terá grande influência no mercado interno a produção de gado criado a pasto, mas sabidamente sua oferta é reduzida no segundo semestre.
Caminha assim o chamado agronegócio no Brasil. É uma atividade de elevadíssimos riscos. O produtor sempre sabe a quantidade de semente que planta, seus custos totais, mas nunca sabe, mesmo em se tratando de uma agricultura moderna, o quanto colherá. Por tudo isto, é que por reiteradas vezes tenho alertado aos governantes a respeito da questão tributária sobre a produção. Há um grande e sério risco que, se não dosado, terminará por matar a galinha dos ovos de ouro!
Quanto ao processo eleitoral das eleições municipais o corte temporal se dará entre o carnaval até o inicio do segundo semestre, em função da Lei Eleitoral, mas a partir de então, o clima esquentará e, neste campo, as eleições deste ano e os chamados arcos de alianças iniciarão a impactar o clima das eleições de 2014.
AMADO DE OLIVEIRA FILHO É ECONOMISTA, ESPECIALISTA EM MERCADOS DE COMMODITIES AGROPECUÁRIAS E DIREITO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ESCREVE ÀS QUARTAS FEIRAS EM A GAZETA