O setor agropecuário fez de Mato Grosso o estado com maior crescimento percentual na contratação do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) no ano passado. Em 2011 foram liberados 1,9 bilhão em financiamento com recursos do Fundo em todo Estado, ao passo que em 2010 foram R$ 1,2 bilhão, incremento de 51%. Os dados são do Banco do Brasil.
Para 2012, o orçamento previsto para Mato Grosso é de R$ 1,5 bilhão, cerca de 15% maior que em 2011 (R$ 1,3 bilhão). O FCO destina financiamentos para os setores rural e industrial dos estados do Centro-Oeste. Ainda não foram divulgados dados de empréstimos para cada setor, mas é certo afirmar que os produtores agropecuários foram os principais contratadores do fundo em Mato Grosso.
Segundo o diretor de relações institucionais da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rogério Romanini, o FCO vem recebendo maior adesão pelos produtores rurais a cada ano, que recorrem ao financiamento para compra de maquinários e formação de pastagens, no caso dos pecuaristas. "A adesão é maior por parte dos médios produtores, que são atraídos pelos prazos de carência, que chegam a até 10 anos. No Estado são cerca de 26 projetos aprovados semanalmente", comenta.
Romanini pontua que apesar dos benefícios, a principal dificuldade encontrada pelas produtores rurais na contratação do FCO é a burocracia. "O produtor precisa montar um projeto com aspectos econômicos e ambientais, que é analisado pela Câmara de Políticas Agrícolas, ligada ao Ministério da Agricultura, e também pelo banco. Muitas vezes o processo demora até três meses por conta da burocracia", explica.
Recursos – Apesar da alta adesão por parte dos produtores rurais mato-grossenses por financiamentos como o FCO, apenas 10% dos recursos para a safra 2011/2012 de soja em Mato Grosso foram provenientes de empréstimos e financiamentos junto a entidades bancárias federais. A informação é do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e mostra ainda que 18% da atual safra do grão no Estado é custeada pelas multinacionais, 25% pelas revendas e 12% pelo sistema financeiro. A maior parte, 35%, ainda é bancada por recursos dos próprios produtores rurais.
"Apesar da adesão pelo FCO ser grande no Estado, os produtores de soja na maioria das vezes acabam tendo que tirar do próprio bolso a maior parte dos recursos para financiar a safra", conclui Romanini.