Por Rui Prado*
Neste ano, selamos duas importantes parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completa 40 anos de existência em abril. Ao longo de 2013, a Famato realizará, junto com a Embrapa, nove dias de campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e pecuária leiteira. Nosso objetivo é somar esforços para difundir o conhecimento e novas tecnologias aos produtores rurais de Mato Grosso.
O primeiro evento aconteceu dia 22 de fevereiro, na sede da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop. Os próximos serão nos municípios de Barra do Garças, Querência, Marcelândia, Juara, Nova Canaã do Norte e Alta Floresta.
Focamos nossos trabalhos na iLPF por ser uma prática de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado. Há um alinhamento entre as visões da Federação e da Embrapa Agrossilvipastoril sobre esta integração, já que o foco das pesquisas da “nossa” Embrapa é viabilizar sistemas de produção integrados entre lavoura, pecuária e floresta, contribuindo para o desenvolvimento da agropecuária de baixa emissão de carbono.
Em Mato Grosso existem várias fazendas que adotam esse sistema de produção. O próprio governo federal, por meio do Programa de Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), está disponibilizando linhas de crédito aos produtores que utilizam tecnologias como a iLPF. E a Famato, juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), começou a capacitação de técnicos projetistas e engenheiros agrônomos com o objetivo de fazer com que eles sejam mais eficientes na elaboração dos projetos de obtenção de crédito para quem desenvolve essas tecnologias. Afinal, elas contribuem para a produção sustentável de alimentos.
Outro foco da parceria está na pecuária leiteira. Serão dois dias de campo voltados para os técnicos dessa área, cuja finalidade é divulgar novas práticas para essa atividade que é de suma importância para a economia de Mato Grosso.
A segunda parceria foi celebrada entre a Embrapa e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), para aprimorar as URTs (Unidades de Referência Tecnológica). A partir de agora, o Imea contribuirá na avaliação econômica dos sistemas implantados nessas unidades, transformando-as em URTEs (Unidades de Referência Tecnológica e Econômica). Trata-se de um projeto inovador no país e que dará mais subsídios aos produtores rurais para adotarem as práticas propostas pela entidade de pesquisa.
Os produtores querem saber, por exemplo, quanto custa e qual a taxa de retorno desses sistemas de produção, enfim, os detalhes econômicos da implantação dessas tecnologias integradas. Atualmente, no Brasil discute-se muito a avaliação econômica dos sistemas de produção integrados. Outros estados também estão buscando pesquisas nessa abordagem, mas a Embrapa e o Imea saíram na frente com uma parceria fortalecida.
Ouso dizer que 2013 será um ótimo ano para estimularmos a transferência de tecnologias e a pesquisa em Mato Grosso. Este otimismo reside no fato de que a parceria com uma entidade forte e representativa como a Embrapa só pode dar certo e gerar bons frutos para que os produtores rurais mato-grossenses continuem buscando conhecimento e alternativas de produção agropecuária sustentáveis.
*Rui Prado é produtor rural e presidente do Sistema Famato (ruiprado@famato.org.br).