Os motoristas que trafegam pela BR-163, entre os municípios de Sinop e Nova Mutum, a 503 e 269 quilômetros de Cuiabá, reclamam da falta de estrutura e más condições da estrada. A rodovia é essencial para sustentar a economia de alguns municípios de Mato Grosso. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 1º de janeiro e 18 de fevereiro foram registrados 90 acidentes, com 31 feridos e três mortos, no trecho de 250 quilômetros.
Entre esta segunda-feira (25) e quarta-feira (27), a TV Centro América irá mostrar três diferentes trechos da rodovia e suas condições de tráfego, bem como os riscos que cada um deles oferecem aos motoristas. A BR-163, em Mato Grosso, vai da divisa com Mato Grosso do Sul até a divisa com o Pará. Ela passa por regiões que estão entre as maiores produtores de grãos do país.
Na BR-163, próxima a Sorriso, o movimento de caminhões é constante por causa do transporte de insumos e escoamento de grãos. Em alguns pontos eles trafegam em enormes filas. No município há cerca de 620 mil hectares de soja plantada. A produtividade deve ser de 2,2 mil toneladas em 2013. Segundo o presidente do Sindicato Rural da cidade, Laércio Lenz, o problema é que a rodovia não suporta mais o número de caminhões que tem que rodar por ela para levar a produção para as ferrovias e portos do Sul do país.
"Toda região está aumentando a produção e a nossa saída é a velha BR-163 de 30 anos atrás, que não tem mais condições de trafegabilidade. De dois anos para cá dobrou o custo do frete. Tanto do frete para transportar a mercadoria para os portos, quanto para trazer insumos para a lavoura. Isso gera custo para o produtor, aumenta o custo de produção e a lucratividade com certeza diminui", ressaltou Lenz.
Os motoristas que saem de Lucas do Rio Verde, sentido Nova Mutum, encontram até pedaços de pneus espalhados pela pista. O caminhão de Gilmar Scheid, por exemplo, passou por um dos muitos buracos que estão pela estrada. Um dos pneus ficou destruído. "O que mais prejudica são os buracos que tem pela estrada. Já tive prejuízos e vou ter que fazer mais dois fretes para tirar o prejuízo do pneu que estourou. Sem falar que eu ainda consegui segurar o pneu e parar. Poderia ter capotado na beira da pista", pontuou o motorista.
Para o agricultor Rodrigo Pasquali, a precariedade da estrada também trás prejuízos. Ele tem 1 mil hectares de soja plantados em Lucas do Rio Verde, a 360 quilômetros da capital. "Trazer a semente, o fertilizante, o agroquímico e levar o produto embora, envolve diretamente as rodovias. A BR-163 está caótica, o trânsito muito intenso e todos os custos aumentaram. O custo de diesel, o custo de pessoal, horário de caminhoneiro, tudo", disse.
A assessoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que está com equipes fazendo o tapa buracos na BR-163, e que o serviço deve ser ampliado na próxima semana. Eles informaram ainda que o contrato para recapeamento do trecho que liga Sinop ao Posto Gil já está assinado. Eles aguardam apenas o início da estiagem. O Dnit acredita que a intensidade do tráfego tem contribuído para o aparecimento dos buracos.
Para evitar acidentes, a PRF orienta os motoristas a verificar as condições de segurança, a situação de seus freios e pneus. "Devem guardar a distância segura, principalmente dos veículos de carga que estão trafegando", disse o policial Héber Araújo.