“O déficit de armazenagem de grãos em Mato Grosso é de 60% e acredito que os investimentos públicos previstos, de R$ 250 milhões por ano, que serão feitos com o objetivo de balancear a capacidade de armazenamento, não são suficientes para resolver o problema”. A fala do secretário Adjunto de Política Agrícola de Mato Grosso, Luíz Carlos Alécio, acrescenta ponto vital na ação do governo federal, que emitiu documento declarando intenção de executar o propósito por meio da oferta de grãos no Brasil até 2015.
O governo federal pretende ainda estimular o incentivo fiscal e liberação de crédito à iniciativa privada. O secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Meraldo Figueiredo Sá, está em reunião com o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller e servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para discutir como tratar o problema em Mato Grosso.
À reportagem do Olhar Direto em Brasília, Geller disse que Mato Grosso é prioridade quando o tema é o armazenamento de grãos. “Estamos levantando informações, buscando identificar onde podemos disponibilizar recursos”, observa Geller. O Ministério reconhece que MT apresenta o maior déficit logístico, com malha viária da década de 1980.
Geller tem se encontrado com representantes de associações de produtores e indústria, em vários estados brasileiros, para captar demandas, visando desenhar estratégia para o desenvolvimento da infraestrutura logística do agronegócio brasileiro, que tem apresentado graves problemas.
“Uma nova safra recorde está por vir, e junto a ele o apagão logístico; Mato Grosso tem uma situação diferenciada, por causa do volume de grãos produzidos no estado; só este ano serão 15 milhões de toneladas de milho e 25 milhões de toneladas de soja”, aponta Luiz Alécio.
Ponto crítico
A questão da armazenagem é uma prioridade do Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, anunciado pelo governo federal em junho de 2012. O governo pretende aumentar sua participação no total de unidades armazenadoras do País, de 17,5 mil. Atualmente esse número é inferior a 3%.
O Mapa garante que a instituição de Grupo de Trabalho da Armazenagem, constituído por representantes públicos, associações de classe e iniciativa privada devem minimizar os problemas da estocagem. “O Brasil tem uma capacidade de armazenamento aquém do tamanho da safra e boa parte das unidades não tem condições de armazenar os grãos pelo período necessário sem comprometer a qualidade”
Um diagnóstico completo da situação dos armazéns no país é crucial para a resolução do problema. O GT objetiva reestruturar o setor no Brasil e identificar os gargalos existentes para poder dimensionar um parque de armazenagem que seja compatível com a produção nacional de grãos.
Safra
A safra de 2012/2013, que deve render mais de 180 milhões de toneladas de grãos, terá espaço para armazenar, estatisticamente, 145 milhões (80,5%). "A maior dificuldade é com a "safrinha" de milho, que chega quando ainda há soja armazenada", aponta o coordenador-geral de Infraestrutura Rural e Logística de Produção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Alberto Batista.
O Mapa tem R$ 18 bilhões nos programas agrícolas de investimento. O crédito é dado em condições especiais para a compra de máquinas e equipamentos, para irrigação, armazenagem, adequação ambiental da propriedade, estufas, galpões e instalações.
O país precisa de aproximadamente R$ 15 bilhões em recursos para equalizar os níveis de produção e estocagem, de acordo com estimativa da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.