Com 96,1% da área já coberta, a Argentina encaminha-se para o término da semeadura da safra 2012/13 nos 19,7 milhões de hectares programados para esta temporada. Em números absolutos foram alcançados 18,9 milhões de hectares, marcando um avanço interanual de 4,4 pontos percentuais e um progresso semanal de 5,3 pontos percentuais. As indicações são da Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
Áreas ainda pendentes para o plantio encontram-se em regiões como Salta, Tucumán, Jujuy, Catamarca, Oeste Sgo del Estero (região de NOA) e também Chaco, Este Sgo del Estero e Formosa (no NEA), além do Centro Norte de Santa Fé e o Centro-Norte de Córdoba.
No Noroeste do país, pontualmente em Salta e Tucumán, a ausência de precipitações ainda influencia o plantio da safra agrícola. Além de plantar a maior área de sua história, o desenrolar da safra hermana pode determinar novos rumos para o mercado mundial. A estimativa é que o país produza 54 milhões de toneladas, volume 35% acima dos 40 milhões de toneladas do ciclo passado, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês).
A temporada passada foi marcada por inúmeras perdas provocadas pela forte estiagem. Como lembra o gestor do núcleo técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a influência azul e branca sobre a safra agrícola mundial será decisiva.
"Um dos ingredientes que podem influenciar os preços na Bolsa de Chicago é a evolução da safra argentina", citou. Noutros termos, acrescenta Godoi, as condições climáticas no país vizinho no mês de janeiro vão confirmar ou não as projeções para uma safra sul-americana do grão.
"A Argentina vem de uma quebra de safra no ciclo 2011/2012, a quarta em 10 anos. Dependendo do clima, com uma área semeada bastante extensa, o país poderá ter uma grande produção ou novamente uma quebra de safra. Até o fim de 2012 tudo caminhava bem, porém neste início de ano há informações de que o clima está seco e isso já fez com que o mercado se movimentasse", destaca o gestor do Núcleo Técnico da Famato.
Holofotes
Os holofotes focaram o continente sul-americano desde que os Estados Unidos enfrentaram uma quebra de safra na soja. Fator este que deve fazer inclusive o país perder o posto de número um na produção mundial da commodity.
Em seus relatórios periódicos, o USDA já coloca o Brasil como novo líder mundial, com os Estados Unidos na vice-posição. O relatório da última sexta-feira (11) reduziu a vantagem do Brasil sobre o concorrente, indicando uma leve recuperação dos produtores norte-americanos.
Se a projeção se concretizar, o Brasil deve colher ao fim de 2012/13 uma safra recorde de 82,5 milhões de toneladas, enquanto os americanos 82,06 milhões de toneladas.
Desta forma, Brasil deve responder por 31% da produção mundial, enquanto a Argentina outros 20%, lembra o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
"Acreditamos que o tamanho da safra da América do Sul será definido principalmente pela safra argentina, já que no Brasil tudo caminha bem e o ciclo já está praticamente definido, devendo fechar com 82 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)", analisa Latorraca.
Na próxima semana, uma missão técnica do Sistema Famato percorre as principais regiões produtivas da Argentina para avaliar o desenvolvimento das lavouras no país.