O ano de 2012 foi considerado importante para a consolidação de Mato Grosso como o maior produtor de grãos do país na análise do diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo. Mesmo com algumas dificuldades, o agronegócio mato-grossense tem o que comemorar. Nas culturas de soja e o milho os preços foram remuneradores, já na pecuária e no algodão, altos custos e baixa valorização.
Para o próximo ano a expectativa é que as mudanças ocorridas na legislação melhore a atividade no campo.
"O novo Código Florestal aprovado neste ano trouxe regras claras de como a gente deve trabalhar. Ainda temos que complementar este código em 2013, mas esse já foi um grande avanço que teve a nível federal. Em 2013 teremos o grande desafio de implementá-las no estado. Então temos que fazer novos projetos de lei dentro de Mato Grosso. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) vai ter muito trabalho para se adaptar. E acreditamos que estas mudanças devem ser feitas ainda no primeiro semestre", disse em entrevista ao Agrodebate.
Seneri Paludo ainda lembrou da briga judicial entre produtores do estado e a multinacional Monsanto sobre a cobrança da propriedade intelectual das tecnologias Bollgard I (BT) e Roundup Ready (RR) para algodão e soja, respectivamente. Após duas tentativas, a multinacional conseguiu a continuidade da cobrança pelo uso das tecnologias, que havia sido interrompida ainda em 5 de outubro. Os agricultores alegaram que as patentes venceram em agosto de 2010, sendo a cobrança indevida após esta data. Enquanto o processo final não é concluso, o pagamento à multinacional está retido.
"A questão dos royalties da RR1 trabalhamos bastante durante este ano, onde foi concedida uma liminar para os sindicatos rurais e estendendo isso aos produtores, mostrando que já caiu a patente para RR 1. Esse foi outro grande avanço este ano".
A logística foi uma das lutas do setor em 2012 e que deve continuar no próximo ano. O setor agropecuário do estado vem buscando a modernização e ampliação do sistemas de transportes para a redução de custos, além de diminuir as distancias percorridas.
Segundo ele, é preciso trabalhar para melhorar o modal e não ficarmos tão dependentes de transporte rodoviário. "A gente necessita, também, de transporte ferroviário e hidroviário. Precisamos ainda de novos eixos, e, por isso, estamos trabalhando muito para termos uma rota de escoamento para o norte e, consequentemente, reduzirmos os custos de produção".
Por fim, o dirigente comentou sobre a falta de profissionais qualificados que o setor enfrenta.
"Hoje esse tema está na boca de todos, o apagão de mão de obra. E no setor rural temos visto isso mais recentemente. A gente tem casos em Mato Grosso que o produtor deixou de plantar ou de aumentar sua lavoura por causa da falta de profissionais. Outra questão que devemos nos preocupar é com a qualidade, mais até do que quantidade. A Famato e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) irão trabalhar juntos nessa área de qualificação, não só para o produtor mas, também, para os trabalhadores rurais".